Denúncia sobre caixa 2 em Furnas foi feita pelo ex-deputado Roberto Jefferson

16/06/2006 - 20h31

Agência Brasil

Brasília – A denúncia sobre a existência de um suposto esquema de caixa 2 na empresa Furnas Centrais Elétricas para favorecer partidos políticos e parlamentares foi feita em 2005 pelo ex-presidente do PTB e ex-deputado federal Roberto Jefferson. À época, em entrevista à imprensa, ele disse ter recebido das mãos de Dimas Toledo, ex-diretor da estatal, R$ 75 mil em espécie, em 2002.

Em face das denúncias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu o afastamento de Toledo e de outros dois diretores de Furnas, em 30 de junho do ano passado. No mesmo dia, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, solicitou à Polícia Federal (PF) a abertura de inquérito para apurar as supostas irregularidades.

Após a instauração do inquérito, o lobista Nilton Monteiro entregou à PF uma lista, datada de 30 de novembro de 2002, com nomes de 156 políticos de 12 partidos que teriam se beneficiado com repasses de Furnas para campanhas políticas de 2002, no valor de R$ 40 milhões.

No dia 15 de fevereiro deste ano, em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, Dimas Toledo negou ter assinado a lista e disse considerá-la uma "montagem ou falsificação".

Nesta semana, a PF confirmou que a assinatura é do ex-diretor da estatal, e concluiu que o documento não é uma montagem. A PF não confirma a autenticidade do conteúdo da relação, mas diz que já o está investigando.

No depoimento que deu a parlamentares da CPMI, Toledo disse que, em 2004, Monteiro (o lobista que entregou a relação à PF) telefonou para o seu gabinete por quatro vezes. Numa dessas ligações, Monteiro teria dito à secretária de Toledo que fazia parte do PT e que iria pedir a demissão do então diretor ao presidente Lula.

Também no depoimento à CPMI, Toledo afirmou que várias empresas que constam da lista como possíveis doadoras ao caixa 2 nunca prestaram serviços a Furnas. À ocasião, o ex-diretor disse que teve uma única reunião com Roberto Jefferson, em fevereiro de 2004, para tratar da possível substituição de Toledo na diretoria de Furnas.