Superintendente técnico da CNA diz que pacote agrícola não trata de questões estruturais

29/05/2006 - 22h36

Adriana Franzin
Da Agência Brasil

Brasília - O superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Cotta, afirmou hoje (29) que o pacote agrícola para a safra 2006-2007, anunciado pelo governo federal na última quinta-feira (25), pouco contribui em relação às questões estruturais do setor.

"A crise sem dúvida nenhuma vai continuar. O pacote de certa forma prorrogou a crise, deu uma sobrevida para o produtor. Ele vai continuar produzindo, mas no próximo ano terá problema de receita para arcar com os compromissos", afirmou.

Isso acontecerá, de acordo com o superintendente, porque os problemas estruturais não foram tratados da maneira esperada: "O programa não incorporou questões relacionadas à infra-estrutura, questões relacionadas ao preço do óleo diesel e outros insumos cujo custo é muito mais elevado para nós do que em países concorrentes como a Argentina, o Uruguai e os Estados Unidos".

O Brasil, lembrou, tem custos altos com defensivos, fertilizantes e óleo diesel. "Nós esperávamos que esse plano incorporasse alguns benefícios na redução do preço e do custo de produção desses produtos".

Para Ricardo Cotta, outra decepção com o pacote agrícola foi em relação aos transgênicos: "Esperávamos que o governo enviasse algum projeto para mudar a estrutura da Lei de Biossegurança, que requer praticamente dois terços da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) para aprovação de novos produtos transgênicos no país".

Ele ressaltou que enquanto o Brasil enfrenta esses problemas de legislação, os países concorrentes estão "utilizando a tecnologia e tendo benefícios maiores na redução de custo de produção".

O impacto tarifário e as mudanças nas negociações internacionais também não foram discutidos no pacote agrícola, lamentou Cotta, para quem "o Brasil precisa ter novos acordos".