Zoológicos podem ajudar a amenizar processo de extinção das espécies

29/05/2006 - 14h50

Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Mais de 50 mil espécies de animais estão em cativeiro nos zoológicos de todo o Brasil. Além de levar lazer à população, as fundações realizam trabalhos de pesquisa, educação ambiental e de conservação de espécies. Algumas unidades possuem exemplares de espécies que já foram até extintas. Essa possibilidade de preservação da biodiversidade está sendo discutida no 30º Congresso de Sociedade de Zoológicos do Brasil, no Instituto Israel Pinheiro, em Brasília.

De acordo com Raul Gonzalez, diretor do Zoológico de Brasília, espécies como o mico-leão dourado sobreviveram graças ao trabalho dos zoológicos, por meio da reprodução. O primata foi quase extinto com o longo processo exploração da Mata Atlântica no litoral brasileiro. Atualmente, a estimativa é que existam apenas cerca de mil deles em todo o mundo. A metade está dentro de cativeiros.

Gonzalez também afirma que uma espécie africana só não está extinta do planeta graças a um exemplar no Zoológico de Brasília. "Hoje há um antílope africano que só existe no Zoológico de Brasília. Já temos um projeto de reprodução para reintroduzi-lo em seu habitat, na Arábia Saudita", afirmou durante o congresso.

Já o médico veterinário Murray Fowler, professor da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, disse que os zoológicos podem ajudar na preservação das espécies, mas que a extinção de algumas delas é inevitável. Devido ao processo natural de evolução das espécies, e, sobretudo, pela degradação ambiental. "Estamos tentando prevenir a extinção, mas isso é parte da história e parte de todo o mundo. Alguns animais vão ser extintos. Esperamos que os zoológicos e outras organizações possam reduzir e tentar prevenir a extinção", afirmou.

O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Cláudio Langone, disse que os debates podem ajudar o governo nas políticas de preservação da biodiversidade. Na presidência da Convenção da Diversidade Biológica, nos próximos dois anos, o Brasil precisa estabelecer políticas a serem implementadas internamente pelos cerca de 180 países membros da convenção e as conclusões do Congresso podem ser introduzidas nesse plano de preservação.

"Precisamos estabelecer políticas internas que sirvam como referência e exemplo, no plano internacional, se queremos efetivamente fazer com que esta convenção saia das teses e dos acordos e vá para um processo de implementação efetiva", destacou. O objetivo da Convenção é chegar a um plano de implementação para reduzir as taxas de perdas com a biodiversidade até 2010.