Varig Operacional pode abrir canais para capitalização da empresa, diz coordenador

13/04/2006 - 20h57

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - O estabelecimento da Varig Operacional, que ficaria com os ativos operacionais da empresa, teria condições de facilitar a liberação de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para o processo de recuperação da companhia aérea.

A avaliação é do coordenador da entidade Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), que reúne diversos sindicatos e associações de funcionários da Varig, Márcio Marsillac.

"A Varig Operacional se enquadra, sem sombra de dúvida, nas condições necessárias para o empréstimo do BNDES". Para Marsillac, a separação, autorizada pela Justiça do Trabalho, pode resultar na melhoria dos canais para a capitalização da empresa.

"Manter a Varig operacional, atuando no mercado, preserva o direito dos consumidores, dos clientes. É bom para sociedade brasileira, é bom para os trabalhadores porque estão preservados os postos de trabalho, é bom para o governo porque é uma empresa efetivamente com capacidade de pagar os impostos, é bom para todos que estão dentro desse processo, dos credores aos trabalhadores e aos consumidores do transporte aéreo nacional", assegurou.

Ele destacou que caberá à empresa responsável pelo processo de reestruturação da Varig, a consultora Alvarez & Marsal, dos Estados Unidos, avaliar qual é o momento oportuno, o volume de recursos necessários e as garantias reais que ela tem para dar para levantar o empréstimo.

Segundo informou o consultor econômico da TGV, Paulo Rabello de Castro, o processo de recuperação judicial da Varig esbarra na resistência de um credor estatal em particular: a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobrás.

Ele revelou que menos de um mês após aprovar o plano de recuperação judicial da companhia, em 19 de dezembro do ano passado, a BR sacou do caixa da companhia US$ 30 milhões, "agindo, dessa forma, de modo contraditório".

Para ele, o pagamento de US$ 60 milhões efetuados pela Varig aos lessores dos Estados Unidos (credores de contratos de aluguel de aeronaves) no início deste ano, mostra que a empresa "tem um imenso potencial".

Sobre a Infraero, também credora da Varig, os advogados da TGV acreditam que a disposição do Tribunal de Contas da União é de autorizar, na próxima semana, a concessão de um prazo mais longo para pagamento da dívida referente a taxas aeroportuárias.

O advogado Otávio Neves destacou a necessidade de que haja entendimento de todos os atores do processo para que o plano de recuperação da Varig tenha continuidade.