Liminar não desvia plano de recuperação da Varig, diz representante de funcionários da empresa

13/04/2006 - 20h16

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – O coordenador do Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), comandante Márcio Marsillac, disse hoje (13) que a liminar obtida na última terça-feira (11) pela entidade na Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro não representa nenhum desvio do plano de recuperação judicial (PRJ) da companhia, aprovado pelos credores em 19 de dezembro do ano passado. Segundo ele, a liminar tem por objetivo acelerar a implementação do plano que ainda não foi implementado.

"Nada muda no plano de recuperação. O que essa decisão judicial vem fazer é suprir a implementação, a falta de capacidade da gestão da Varig de implementar as ações previstas no PRJ", afirmou. "Nada é alterado no plano aprovado. Não há modificação, não há prejuízo de nenhum credor, de nenhum trabalhador, não há prejuízo para o fundo de pensão. Todos estão contemplados conforme previsto no PRJ", assegurou.

Marsillac acrescentou que na proposta "não há prejuízo a qualquer credor" na forma de pagamento acordada no plano. De acordo com o comandante, o que existe em decorrência da liminar é a implementação de uma das ações previstas no plano de recuperação: a criação de uma filial da Varig que ficaria com a parte operacional, de modo a gerar lucro e valor de mercado para a companhia.

Essa filial da Varig (denominada Varig.op) representaria a segregação dos ativos e passivos operacionais da empresa. O consultor econômico da TGV Paulo Rabello de Castro, explicou que, uma vez "segregada", a Varig teria por obrigação ser lucrativa e render o suficiente para não apenas cobrir integralmente os seus custos, mas para gerar saldos para a empresa em recuperação.

Em outras palavras, caberia à Varig.op pagar as dívidas da Varig original. "Essa medida, uma vez devidamente empacotada, estará funcionando, gerando os empregos racionais, gerando os serviços, as receitas e gerando interesse e, portanto, criando valor. E, se criar valor, estará sendo atrativa para os investidores", afirmou o economista.

Castro lembrou que essa medida visa atrair todos os investidores, inclusive os que já fizeram lance, como a Varig Logística (VarigLog). Ele acredita que isso poderia ocorrer entre seis meses a um ano, como prevê o plano de recuperação. O administrador convidado para a operação é a empresa de consultoria norte-americana Alvarez & Marsal, contratada pela Varig como gestora do processo de reestruturação da companhia.

Na possibilidade de o plano apresentado pelos trabalhadores não dar certo, Marsillac disse que a alternativa seria o cumprimento do plano. " Se alguém tentar derrubar essa liminar [concedida pela Justiça do Trabalho do Ri], estará tentando derrubar o plano de recuperação aprovado ou, então, tem deliberadamente a vontade de atrapalhar o processo e quebrar esta empresa", avaliou.