Especial 5 - Chacareiro diz que pulverizações de agrotóxico se repetem todo ano

13/04/2006 - 2h00

Paulo Machado
Enviado especial

Lucas do Rio Verde (MT) – Segundo o chacareiro Sergio Miller, morador do entorno da cidade de Lucas do Rio Verde, "gora as pulverizações pararam, porque acabou a colheita da soja, mas todo ano acontece isso". Ele se refere ao acidente que no dia 1º de março lançou uma nuvem de veneno sobre o município de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, deixando plantas e pessoas expostas ao veneno.

"São pilotos que querem aparecer que sobrevoam a cidade com aviões agrícolas utilizados para pulverizar agrotóxicos sobre as lavouras". Ele explicou que, com o vento forte, apenas algumas gotas do veneno que saiam dos tanques das aeronaves são suficientes para provocar uma neblina sobre toda a cidade. , acrescentou.

Sergio Miller tem uma pequena propriedade de pouco mais de quatro hectares onde produz hortaliças. Após a pulverização que ocorreu este ano, ele teve erradicar toda a sua produção. Segundo ele, o poder público deveria ser mais rigoroso e fiscalizar quem utiliza agrotóxicos. "Eles jogam isso pra gente, acham que a gente tem que fiscalizar, tem que pegar o prefixo do avião, tirar foto. Só que nosso instrumento de trabalho é uma enxada, não é uma máquina fotográfica".

O chacareiro acha que as autoridades deveriam fazer cumprir a lei, que determina que certos tipos de agrotóxicos não podem ser aplicados por aviação agrícola e que esse tipo de pulverização só pode ser feita a uma certa distância da zona urbana. "Quando acontece esses vôos, eles precisam saber por que o avião esta passando por cima da cidade, saber qual a origem dele, o que ele esta fazendo, ver se ele não tem outra rota para passar. Acho que se eles [as autoridades] quiserem, isso é muito fácil de controlar", afirmou Sergio Miller.