Protestos marcam primeiro dia de reunião informal da OMC no Rio

31/03/2006 - 21h36

Rio, 31/3/2006 (Agência Brasil - ABr) - Um grupo com cerca de 150 manifestantes de movimentos sociais promoveu protesto hoje (31) diante do Hotel Copacabana Palace, onde se realiza reunião informal da Rodada de Doha da Organização Mundial de Comércio (OMC).

Eles entregaram carta ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que até amanhã (1º/4) discute com o Comissário Europeu para o Comércio, Peter Mandelson, o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Portman e o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, a redução dos subsídios agrícolas concedidos pelos países em desenvolvimento.

Um dos maiores temores dos manifestantes é a maior abertura do mercado brasileiro para a entrada de produtos manufaturados. "Os Estados Unidos e a União Européia estão fazendo uma pressão muito forte no sentido de que o país reduza suas tarifas para os industrializados estrangeiros. Com isso, nós teríamos a perda de pelo menos 2 milhões de empregos nas cidades", disse o diretor da organização não-governamental Action Aid, Adriano Campolina.

Já o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra criticou a própria existência da OMC. "Nós não somos contra o comércio internacional, mas a OMC é um fator de opressão, já que nela os países desenvolvidos é que são sempre os grandes beneficiados nas negociações", defendeu Marcelo Durão, da direção do movimento no Rio.

Os manifestantes ligados à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) disseram que o Brasil não deveria reduzir suas barreiras para produtos industrializados, em troca de vantagens que só beneficiariam ao agronegócio. "A redução das tarifas apenas favoreceria a agricultura de exportação, de commodities como soja e álcool, não a agricultura familiar ", afirmou Luiz Vicente Faço, assessor de Relações Internacionais da Confederação.

A Rodada de Doha foi iniciada em 2001, no Qatar, e no dia 30 de abril termina o prazo para as negociações em torno de um acordo sobre redução de tarifas para produtos agrícolas e manufaturados.