Projeto de lei pretende criar Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas

05/02/2006 - 12h44

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O projeto de lei que institui o dia 7 de fevereiro como Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas pode ser aprovado em março pelo Senado. A expectativa é do autor da proposta, senador Paulo Paim (PT–RS). A data marca a morte do líder indígena Sepé Tiaraju, que lutou contra a dominação espanhola e portuguesa no Rio Grande do Sul.

Cerca de mil lideranças indígenas do povo guarani - vindas de oito estados, da Argentina, do Uruguai e do Paraguai - estão reunidas até terça-feira (7) no município de São Gabriel (RS), localizado a 320 quilômetros de Porto Alegre. Desde ontem (3), participam da Assembléia Continental do Povo Guarani, organizada para lembrar os 250 anos da morte do líder indígena Sepé Tiaraju

Em homenagem ao índio guarani, o Senado aprovou em janeiro voto de louvor, também iniciativa do senador Paim. O voto será apresentado na Assembléia Continental do Povo Guarani, que reúne cerca de mil lideranças indígenas de oito estados, da Argentina, do Uruguai e do Paraguai até terça-feira (7) no município de São Gabriel (RS), localizado a 320 quilômetros de Porto Alegre.

"Sepé enfrentou os invasores, coordenou as lideranças indígenas e se tornou mais do que uma lenda, um herói nacional. Entendemos que a história de Sepé Tiaraju deve ser contada e recontada para brancos, negros e índios", disse Paim à Agência Brasil.

O senador informou ainda sobre outro projeto de lei que prevê a inclusão do líder na lista dos heróis da pátria. "Sepé Tiaraju está para os povos indígenas, mais ou menos, como Zumbi para os negros".

Sepé (José) Tiaraju (facho de luz) nasceu na comunidade jesuíta de São Luiz Gonzaga, localizada no Rio Grande do Sul, por volta de 1723. Essa missão com mais outras seis formavam os Sete Povos das Missões, que viviam sob domínio espanhol.

Em 1750, a Espanha assinou o Tratado de Madri em que trocou as sete missões pela Colônia do Sacramento dos portugueses. O tratado obrigou os guaranis e missionários das missões a viver na outra margem do rio Uruguai. Sepé Tiajaru liderou a resistência de seis anos ao acordo dos espanhóis e portugueses. Ele contou com o apoio do corregedor da missão de Santa Maria, Nicolau Nenguiru.

O líder indígena foi morto no dia 7 de fevereiro de 1756, na região chamada de Batovi, atual município de São Gabriel. De acordo com relatos históricos, ele teria sido morto por um golpe de lança de um português e um tiro de um espanhol. Nos três dias seguintes, 1,5 mil índios guarani foram massacrados por soldados dos dois países.

Com informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi)