Para agricultor, Fetraf-Brasil ajudará na luta por preço justo para a produção

22/11/2005 - 21h48

Brasília, 22/11/2005 (Agência Brasil - ABr) - A criação da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Brasil (Fetraf-Brasil) poderá ajudar na luta por uma política de preços "justa" para a produção. A expectativa é de Gérson Gris, de 37 anos, um dos participantes do 1º Congresso Nacional da Agricultura Familiar, aberto hoje (22) em Luziânia (GO).

Ele veio de Francisco Beltrão, no sudoeste do estado do Paraná, onde, com a ajuda dos pais, da esposa e da filha, planta milho e soja e também produz leite. "Nós não temos preço mínimo. Estávamos com milho a R$ 17 e ninguém vendia. Agora temos milho depositado [estocado]e está a R$ 10", exemplifica. Um avanço, no entanto, já foi conquistado: "Quem está plantando soja convencional vai ter 10% a mais na hora da venda, via Fetraf, para as organizações européias".

Depois de elogiar o Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar (Pronaf), Gérson Gris revela que utiliza o crédito há sete anos. "A gente investe na semente. Muitas família melhoram as instalações para vacas de leite, outros para suínos e assim por diante", conta.

Outro agricultor, Josué Ferreira Pinheiro, porém, relata que só conseguiu o crédito em 2003. "Diziam que eu não tinha terra e não tinha direito a nada, nem se arrumasse uma carta de crédito com o fazendeiro de quem arrendava a terra. Utilizei o crédito na lavoura, em muda de abacaxi, em adubo, e também plantei um pouco de arroz. Já estou me preparando para tirar outro crédito no ano que vem", conta.

Há 11 anos, em busca de chuva para produzir, Josué trocou sua terra natal, o Piauí, pelo Tocantins. "Fui empregado dos fazendeiros por oito anos. Há quatro anos, finalmente consegui trabalhar por minha conta, em terras arrendadas para não suportar mais a escravidão dos fazendeiros, que sofri desde os 8 anos de idade", relata.

Só agora, porém, ele está em vias de plantar na própria terra. Josué e a esposa, grávida de 8 meses, foram assentados pelo governo federal em agosto deste ano. "O nenê já vai nascer com o endereço do assentamento Santo Expedito", conta, emocionado. "Para mim é importante demais tirar a subsistência do meu próprio suor, ter a minha dignidade", acrescenta.

No local, segundo o agricultor, 31 famílias assentadas aguardam a divisão da terra para produzir milho, arroz, feijão e abacaxi, criar porcos, galinhas e gado. "Abacaxi é uma coisa que nunca tinha visto no meu estado, mas me dediquei quando cheguei no Tocantins", revela.