Precisão de exame sobre aftosa é mais importante que rapidez, diz secretário de Defesa Agropecuária

15/11/2005 - 18h59

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Os exames de laboratório com material de animais do Paraná, suspeitos de contaminação por aftosa, continuam a ser realizados no Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), de Belém, segundo o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Gabriel Alves Maciel. Ele se reuniu hoje (15) com técnicos de defesa sanitária do estado e disse que um resultado definitivo vai demorar, pelo menos, mais oito dias.

"A gente está preocupado com a questão da qualidade do resultado, pra que a gente não possa ser questionado em nenhum momento. O tempo hoje é secundário, o importante é ter um resultado sem nenhum tipo de dúvida", afirmou Maciel. O diretor do Departamento de Saúde Animal, do ministério, Jorge Caetano, estimou um prazo máximo de 15 dias para que se tenha o processo de exame laboratorial concluído.

O material de bovinos que apareceram, em outubro, com sintomas semelhantes ao da afosa, em quatro municípios do Paraná, está em análise desde a última semana de outubro. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, admitiu, há uma semana, quando esteve numa audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, que, pelas análises preliminares, não havia presença do vírus da aftosa no material.

Desde então, técnicos de defesa animal do ministério e do governo do Paraná divergiam sobre o peso e a importância dos exames de laboratório na definição sobra a suspeita da aftosa no estado. O ministério divulgou nota oficial sexta-feira (11), afirmando que, para descartar ou confirmar a ocorrência da doença, eram necessários vários fatores e não apenas o exame de laboratório. Na nota, os técnicos registraram a importância que se dá na avaliação dos sintomas dos animais e de sua origem.

A própria Secretaria Estadual de Agricultura, quando confirmou que suspeitava de que o estado tinha focos de aftosa, comunicou que havia vinculação entre animais do Mato Grosso do Sul e do Paraná. O contato ocorreu em leilões realizados em Maringá e Toledo (PR), com animais provenientes de propriedades localizadas na área restrita do Mato Grosso Sul, desde o início de outubro. Lá, são 22 focos de aftosa. Mas o secretário de Agricultura do Paraná, Orlando Pessutti, comemorava, na última quinta-feira (10), o fato dos exames terem apontado para inexistência do vírus.

O diretor de Defesa Agropecuária da Secretaria de Agricultura do Paraná, Felisberto Queiroz Baptista, participou da reunião e mudou o discurso das autoridades do estado. Ao final de cinco horas de reunião, ele disse que o estado ainda depende dos resultados de laboratório para fechar um diagnóstico. "É que ainda existem alguns materiais que estão sendo processados em laboratório e nós dependemos desses resultados", admitiu. Baptista informou que será enviado ao ministério, até a próxima quinta-feira, um relatório com as medidas sanitárias adotadas no estado, e disse que o documento pode colaborar para que se chegue a um resultado conclusivo sobre a suspeita de aftosa no Paraná.