Entre os 18 citados no relatório das CPIs, quatro são do PP

01/09/2005 - 21h27

Marcos Chagas e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – O PP, segundo partido com quatro deputados citados no relatório conjunto das comissões parlamentares mistas de inquérito (CPMI) dos Correios e da Compra de Votos, tem entre os seus acusados o presidente do partido, Pedro Corrêa (PE), e o líder, José Janene (PR). Também foram citados o ex-líder, Pedro Henry (MT) e Vadão Gomes (SP).

Sobre o presidente do PP, o relatório diz que os indícios da participação do parlamentar no esquema do "mensalão" estão relacionados ao depoimento prestado pelo ex-assessor do líder do partido, João Carlos Genu na Polícia Federal. Ele declarou que recebeu quantias em dinheiro da direção do PP.

Genu disse, na Polícia Federal, que o dinheiro sacado na agência do Banco Rural de Brasília era recolhido em pastas "tipo 007, levadas à sala da presidência do PP, no edifício do Congresso Nacional. O ex-assessor afirmou que "isso aconteceu tantas vezes que perdeu a conta".

Em sua defesa, Pedro Corrêa alega que o dinheiro sacado era proveniente do PT e era para pagar honorários advocatícios para defesa de um deputado progressista que enfrentava inúmeras ações na justiça, a maioria promovida por integrantes do PT.

Já o líder José Janene (PR) foi envolvido no suposto esquema do "mensalão" pelo seu ex-assessor Genu. Em depoimento na Polícia Federal, o ex-assessor disse que recebeu quantias de dinheiro a pedido da direção do PP. As informações sobre os saques, segundo Genu, eram repassadas pelos deputados José Janene, Pedro Corrêa e Pedro Henry.

Na lista entregue na Polícia Federal pelo empresário Marcos Valério de Souza, Janene teria recebido, por intermédio de seu ex-assessor, R$ 4,1 milhões entre 17 de setembro de 2003 a 5 de julho de 2004. Na defesa encaminhada para a CPMI dos Correios, o líder do PP repetiu a mesma história de Pedro Corrêa: o dinheiro serviu para custear despesas com advogado em favor de um parlamentar do partido.

O ex-líder, Pedro Henry, foi citado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como um dos parlamentares ligados ao esquema do "mensalão". Segundo Jefferson, o parlamentar teria pressionado o líder do PTB na Câmara, José Múcio Monteiro (PE), para que ingressasse no esquema. No Conselho de Ética, José Múcio negou que esse episódio tenha acontecido.

Pedro Henry negou ter pressionado o líder do PTB para aceitar o suposto "mensalão". Disse: "Nunca ofereci qualquer pagamento ou outro tipo de bem ou vantagem pecuniária a parlamentares que viessem a se filiar ao PP". E lembrou que, nesta legislatura, quatro deputados transferiram-se do PP para o PTB e dois trabalhistas filiaram-se ao seu partido.

Vadão Gomes também aparece na lista apresentada por Marcos Valério na Polícia Federal. Nela, o parlamentar teria recebido dois repasses, em 2004, que totalizariam R$ 3,7 milhões. O deputado apresentou extratos de conta bancária do frigorífico de sua propriedade e autorizou a quebra de seu sigilo bancário. Ele alega que nunca fez qualquer negociação política com comercial com Marcos Valério.