Celso Daniel e Gilberto Carvalho arrecadavam dinheiro de forma legal para PT, diz Mercadante

01/09/2005 - 20h33

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – No depoimento dado hoje (1º) na Comissão Parlamentar de Inquéritos (CPI) dos Bingos, o irmão do ex-prefeito Celso Daniel, João Francisco Daniel, reafirmou declarações feitas ao Ministério Público de São Paulo. De acordo com ele, tanto Celso Daniel quanto Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Lula, atuavam em esquema ilegal de arrecadação de dinheiro para o partido. Contrário a essa versão, o líder do governo no Senado, Aloísio Mercadante (PT-SP), foi na comissão – da qual não faz parte – e pediu a palavra. "Não aceito dizer que Celso Daniel e Gilberto Carvalho tenham participado de qualquer esquema para levantar recursos de forma ilegal. Vamos separar as coisas. Não ataquem Celso Daniel porque ele não está aqui para se defender", afirmou Mercadante.

O senador diz compartilhar com as suspeitas de que havia esquema de corrupção na prefeitura de Santo André, mas tal esquema estaria sendo combatido pelo ex-prefeito assassinado em 2002. "Apoio integralmente qualquer iniciativa ou reabertura de processo que possa esclarecer as circunstâncias do assassinato do Celso. Mas não podemos confundir a história de uma pessoa de estatura política e de biografia com essa turma sem história."

Ao sair do depoimento, João Francisco Daniel manteve as denúncias no Ministério Público e na CPI dos Bingos. "Eu não vi outra maneira de fazer que o crime do meu irmão não acabasse como um crime comum. Meu irmão não era corrupto, mas ele tinha aquela idéia de que os fins justificam os meios. Infelizmente, para ele, o partido precisava de dinheiro e sem dinheiro não poderia conseguir o poder", disse João Francisco.

O irmão de Celso Daniel afirma que o ex-prefeito foi morto porque descobriu um esquema de caixa 3 em Santo André. Por meio desse esquema, os assessores Klinger de Oliveira Sousa, ex-secretário de obras da cidade, Sergio Gomes da Silva (o Sombra) e Ronan Maria Pinto estariam embolsando para proveito particular recursos arrecadados ilegalmente com empresas para campanhas do PT.