Para deputado do PT-MG, será preciso punir pelo menos 80% dos políticos brasileiros

04/08/2005 - 23h05

Liésio Pereira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - "Para que eu seja punido, será preciso punir pelo menos 80% dos prefeitos, vereadores, deputados e senadores de todo o Brasil", disse o deputado federal João Magno (PT-MG), após admitir à Executiva Nacional do partido que recebeu dinheiro não declarado de uma das empresas do publicitário Marcos Valério. O deputado informou que apresentará ao PT extratos, declaração de Imposto de Renda e outros documentos que comprovam o recebimento do dinheiro para sua campanha a prefeito de Ipatinga.

O nome do deputado aparece na lista entregue pelo empresário Marcos Valério à Comissão Parlamente Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios. A lista traz os nomes que teriam sido indicados pelo PT para receber empréstimos das empresas de Valério, a DNA e SMP&B. De acordo com a lista, João Magno teria sacado R$ 350 mil. "Através da empresa SMP&B, eu recebi R$ 250 mil quando fui candidato a prefeito em 2004 e perdi a eleição", disse.

"Existe também a contribuição que ele (Marcos Valério) deu à minha campanha de 2002", acrescentou, para justificar os R$ 100 mil restantes que foram declarados pelo publicitário. "Os recursos que eu recebi, não declarados, estou apresentando ao partido de forma completa e integral. Não vou precisar os números, porque não quero entrar em contradição em nada", explicou.

O deputado João Magno é um dos 14 que constam do pedido de cassação em relação protocolada ontem (3) pelo senador Luiz Soares (sem partido-MS) na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Magno informou que conheceu Marcos Valério porque o publicitário presta serviços para a Usiminas "há muitos anos".

Ele declarou que não cometeu um crime ao aceitar o dinheiro não declarado, mas sim "um deslize diante da lei, que no Brasil não é seguida a rigor". E acrescentou que não teme a punição, mas que acredita não ser o único a merecer julgamento: "A ampla maioria da classe política em todo o Brasil não presta conta integral de suas campanhas".