Assessora de Paulo Rocha diz que sacou R$ 620 mil da conta da SMP&B

04/08/2005 - 22h50

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A assessora do deputado Paulo Rocha (PT-PR), Anita Leocádia, afirmou hoje (4), em depoimento à Polícia Federal, ter sacado R$ 620 mil de conta da empresa SMP&B, do publicitário Marcos Valério, a pedido do deputado. O dinheiro, segundo ela, era usado para pagar fornecedores da campanha eleitoral de 2002 do PT no Pará. O depoimento contradiz as afirmações do deputado, presidente regional do partido.

O nome de Anita Leocádia aparece na lista entregue pelo empresário Marcos Valério à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, com os nomes de pessoas que teriam sido indicadas pelo PT para receberem recursos emprestados pelas empresas de Valério (DNA e SMP&B).

Junto com Charles Santos Dias, a assessora teria sacado R$ 920 mil em nome do deputado Paulo Rocha. Ao todo, segundo a lista de Valério, foram feitos oito saques de abril de 2003 a maio de 2005. De acordo com o delegado da Luiz Flavio Zampronha, da Polícia Federal, Charles também será intimado a prestar depoimento.

O depoimento de Anita Leocádia contradiz outra afirmação do deputado, a de que teria recebido apenas R$ 300 mil. Em nota do último dia 21, Paulo Rocha explicou que, como presidente do PT no Pará, solicitou ao então tesoureiro do partido, Delúblio Soares, auxílio para a quitação de dívidas. "Em 2003, foram disponibilizados R$ 300 mil para o PT do Pará. Por orientação do companheiro Delúbio, os recursos foram retirados junto ao Banco Rural, por minha assessora Anita Leocádia", revelou o parlamentar.

O delegado Luiz Flávio Zampronha, responsável pelas investigações, disse acreditar que "a situação dela seja diferente da de Jacinto Lamas e João Cláudio Genu [que aparecem na lista como sacadores]" e que ela não tem ligação com o dinheiro, já que "possui apenas um Palio 2001 como bem, não tem imóveis e nunca viajou para o exterior. O padrão de vida dela é compatível com a renda".

No depoimento, Anita Leocádia afirmou que foram feitos quatro saques, entre julho e dezembro de 2003. Três deles nos valores de R$ 100 mil, um de R$ 120 mil e outro de R$ 200 mil. De acordo com a assessora, ela recebia uma ligação de Simone Vasconcelos, diretora de operações da SMP&B, avisando que o dinheiro já havia sido depositado. Então, ia até a agência do Banco Rural e fazia o saque. Segundo Anita, o dinheiro era depositado em outras agências, em contas de fornecedores da campanha eleitoral de 2002 do PT no Pará e o restante era enviado ao Diretório Regional do PT.

Ainda de acordo com o depoimento da assessora, todos os recibos de depósitos feitos aos fornecedores foram enviados, na época, para o diretório do partido no Pará. Agora, a Polícia pedirá esses recibos ao diretório, a fim de comprovar a veracidade do depoimento de Anita Leocádia.