Ministro e senador comentam morte de brasileiro em Londres

29/07/2005 - 21h56

Adriana Franzin
Da Agência Brasil

Brasília – A morte por engano do brasileiro Jean Charles de Menezes pode não abalar as relações diplomáticas entre Brasil e Inglaterra, como já disse o professor do Departamento de Direito Internacional da Universidade de Brasília Cristiano Paixão. Mas tem provocado reflexões no país.

Para o presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a emigração de brasileiros para os Estados Unidos e outros países, senador Marcelo Crivella (PL-RJ), "é preciso mandar um recado claro para que a autoridade de qualquer país que trate um brasileiro com covardia, como foi feito na Inglaterra".

Crivella diz que não descansará até que os culpados sejam identificados e punidos. "Ninguém consegue explicar como três policiais abordaram um rapaz, lançaram-no ao chão, dominaram-no, e quando ele estava caído, deitado no chão, sobre o corpo dele, à queima roupa, fizeram oito disparos. Será possível que nesse momento não verificaram que não havia nenhum colete de bomba amarrado no corpo desse rapaz? Essa é a pergunta que não cala", aponta o senador.

Crivella acompanhou hoje o sepultamento de Jean Charles, no município mineiro de Gonzaga, sua terra natal.

Segundo ele, existem hoje dois milhões de brasileiros vivendo no exterior e "mais de 1,5 milhão na mesma situação em que Jean estava; eles precisam se sentir protegidos".

O senador afirma que é preciso verificar se o Itamaraty está preparado para atender essa nova situação. "Pelo que sei, a estrutura do Itamaraty ainda é a mesma de 20 anos atrás. São poucos consulados, funcionários e telefones para atender a todos os brasileiros que estão lá fora", contou.

O ministro das Comunicações Hélio Costa se diz chocado com a violência. E garantiu que brasileiros acompanharão as investigações. "Existem acordos firmados entre a Polícia Federal e a Scotland Yard, e certamente esses acordos permitem o acompanhamento", afirmou.

Jean Charles foi morto na última sexta-feira (22), em um vagão do metrô na estação de Stockwell, em Londres, quando agentes britânicos da Scotland Yard o teriam confundido com um possível terrorista.