Movimento hip-hop brasileiro vai realizar campanha para debater a atual situação do Haiti

18/04/2005 - 22h01

Arthur Braga
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O movimento hip-hop brasileiro vai realizar campanha em apoio ao povo do Haiti. O tema da campanha "Pense no Haiti, Zele pelo Haiti" é inspirado na composição de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Representantes do movimento no país estiveram reunidos nesta segunda-feira (18) para discutir o projeto que pretende ampliar a mobilização em solidariedade ao povo do Haiti, que vive uma crise política e social depois da queda do ex-presidente Jean Bertrand Aristide. Desde junho do ano passado, a ONU mantém tropas militares no país.

Para Aliado G, membro da organização Nação Hip-Hop Brasil, a campanha vai contribuir com o Haiti e também com o povo brasileiro que vai tomar consciência dos problemas do país mais pobre das Américas. O projeto que está sendo elaborado prevê a criação de oficinas para a discussão do atual momento do Haiti. "Esperamos contribuir com a formação da juventude brasileira por meio da informação", disse.

Um dos principais nomes do hip-hop paulistano, o raper Rappin Hood, membro da organização Zulu Nation Brasil, declarou que "a voz da periferia começa a ser ouvida e a fazer parte de questões políticas e sociais do país".

A campanha conta com a participação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Segundo a consultora em políticas públicas para a juventude da Seppir, Eloá Kátia Coelho, o elemento que está motivando a participação das pessoas ligadas ao Hip Hop "é a solidariedade".

"Estamos pensando no Haiti, mas não estamos deixando de lado as questões do nosso país", disse. Ela disse também que o compromisso do movimento brasileiro com o povo haitiano aponta o amadurecimento da cultura hip hop no país que está pronta para se mobilizar em parceria com a sociedade por uma causa comum.

Lamartine que faz parte do Movimento Hip Hop Organizado Brasileiro, disse que a campanha deve mudar a visão da sociedade que não conhece de perto o movimento. "Tudo que você não conhece, você cria rótulos e preconceitos", ponderou. Ele afirmou que o hip hop no Brasil está "organizado e preocupado com a análise da conjuntura nacional e internacional".

Também presente à reunião, um dos coordenadores do Movimento Hip Hop Organizado do Brasil, Sávio Felix, explica que um dos objetivos da sua organização é buscar meios de tornar a sociedade mais igual diminuindo diferenças da periferia em relação aos grandes centros. "O Haiti hoje é uma das grandes periferias do planeta", afirmou.

No próximo encontro, ainda sem data definida, os representantes do movimento deverão votar o texto do projeto e as estratégias da campanha que será realizada em todo o país.