São Paulo, 18/4/2005 (Agência Brasil - ABr) - O antecessor de Lula na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, Paulo Vidal Neto, que hoje vive em Cerquilho, no interior do estado, e longe da militância sindical, lembra ter sido o autor do convite para que o então torneiro mecânico assumisse, em 1969, o cargo de suplente no conselho fiscal da entidade. Em 1972, segundo Vidal, Lula passou a primeiro secretário e foi "jogado na fogueira", em 1975, candidato a presidente. Ganhou com 91% dos votos.
"Nesse período, sob o Ato Institucional nº 5, enfrentávamos mil problemas, infiltração do governo, restrições da política salarial, restrições da própria conjuntura sindical, altamente pelega e entreguista, repressão empresarial. Mas nós conseguimos que o sindicato deixasse de ser um simples sindicato para ser o mais importante na vanguarda no movimento sindical brasileiro", avalia Paulo Vidal.
Entre as conquistas, ele destaca o congresso de 1976. "Conseguimos conquistar no Tribunal Superior do Trabalho uma decisão que vínhamos tentando desde 1970, que era o reconhecimento de autonomia do Sindicato de São Bernardo e suscitar um dissídio específico fora das áreas da federação". Ele destaca também a conquista, pelo sindicato, de autonomia política, do crescimento das adesões e da recuperação do próprio patrimônio. "Em 1969, tínhamos menos de 7 mil associados e em 1978, já eram mais de 30 mil, sem considerar a construção da sede, saneamento e toda a ordem".
Na análise de Vidal, o sindicato aprendeu a conviver com as contradições. "Mesmo com todos os problemas, conseguimos fazer com que o sindicato tivesse consciência de que os trabalhadores, se organizados, poderiam significar o esteio de um processo democrático". Para ele, a atuação dos metalúrgicos do ABC a partir de 1975 funcionou como "um fermento" para fazer crescer "o ar democrático" da nação.