Ellis Regina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Banestado, deputado José Mentor (PT-SP), propôs hoje o indiciamento de 91 pessoas. Os resultados da CPMI serão encaminhados ao Ministério Público para que as investigações possam prosseguir. "Apenas os casos onde há indícios consistentes, com provas de irregularidades, fazem parte do relatório", disse Mentor.
O parlamentar citou o ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco como um dos principais responsáveis por irregularidades financeiras identificadas pela comissão, criada para investigar a evasão de US$ 30 bilhões no período de 1996 a 2003. José Mentor lembrou que houve uma surpreendente facilidade durante a gestão de Franco "para burlar normas" e que o Banco Central chegou a comunicar as irregularidades ao Ministério Público.
No entanto, o banco manteve normas legais que foram contornadas para saída de divisas. Gustavo Franco foi indiciado por lavagem de dinheiro e evasão de divisas, com suspeitas de irregularidades em autorizações especiais concedidas para bancos sediados em Foz do Iguaçu no Paraná.O relatório de mais de 600 páginas apresentado hoje por Mentor excluiu o nome de Paulo Maluf. O ex-prefeito de São Paulo não faz parte da lista de indiciados, que inclui, entretanto, o também ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.
O deputado não quis dizer o número de políticos que estão envolvidos nas irregularidades. Segundo ele, nos últimos cinco dias, alguns documentos foram apresentados, o que inviabiliza a divulgação agora do número de políticos envolvidos. Somente no relatório final, o deputado pretende fazer as denúncias.
José Mentor informou que foram investigadas 1,60 milhão de operações financeiras, envolvendo de 500 a 600 mil pessoas. Na opinião do deputado, até março deste ano, a comissão conseguiu trabalhar de maneira apartidária, mas, depois deste mês, a influência política se "exarcebou".