Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério Público do Estado do Amazonas deve receber esta semana as conclusões do inquérito policial que apura o suposto envolvimento do presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, deputado Benício Tavares (PMDB), com turismo sexual e exploração de adolescentes durante pescaria no Rio Negro.
A delegada Maria das Graças da Silva, que conduz as investigações, informou que até o fim desta semana o inquérito deverá ser encaminhado ao Ministério Público, a quem cabe decidir se oferecerá ou não a denúncia. A delegada veio a Brasília para participar do Fórum de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que tem como principal objetivo analisar o turismo sexual no Amazonas.
O assunto ganhou visibilidade há cerca de um mês, após o naufrágio de um barco e a morte de cinco garotas que participavam de um passeio a bordo do iate Amazonian, onde teria ocorrido a exploração sexual das adolescentes.
Segundo Maria das Graças, ao prestarem depoimento, cinco das 17 jovens que participaram da viagem - entre as quais quatro menores de idade - confirmaram o envolvimento do deputado. "Elas confirmam a presença do deputado no iate e afirmam que fizeram programas sexuais com ele", relatou.
De acordo com a delegada, cerca de 20 pessoas estariam envolvidas no caso. "Cada garota recebeu um valor, creio que de acordo com a preferência. Umas receberam R$ 350, outras R$ 500, R$ 600. E elas disseram que menina que morreu, que tinha 16 anos, recebeu mil reais. Então é a palavra delas contra a dele", disse Maria das Graças.
O advogado do deputado, Paulo Goiaz, acompanhou os debates do fórum. Ele reclamou de não ter sido convidado para integrar a mesa, que também contou com a presença de especialistas e de membros do Ministério Público. Ao contestar o depoimento das garotas, o advogado afirmou que Tavares realmente esteve no barco, mas não manteve relações sexuais com nenhuma delas.
Segundo Goiaz, o deputado teria pedido aos organizadores do passeio que retirassem as meninas do iate porque não concordava com a presença delas a bordo. "Ele adotou os procedimentos que caberia a qualquer cidadão que estivesse envolvido numa situação tão atípica como essa: estar num barco, de natureza pública, onde algumas mulheres embarcaram e que posteriormente ele veio a saber que eram prostitutas".