Europeus melhoram proposta para produtos primários do Mercosul, diz Itamarati

10/08/2004 - 23h55

Nadia Faggiani
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O diretor do Departamento de Negociações Internacionais do Ministério das
Relações Exteriores, embaixador Régis Arslanian, afirmou hoje à noite que os negociadores europeus apresentaram uma oferta melhorada de aumento da cota de exportação de produtos primários do Mercosul para a Europa, inclusive de carne bovina, mas não revelou valores.

Os países do Cone Sul também entregaram uma lista de itens considerados essenciais na negociação, que inclui concessões na área de serviços e investimentos. "Na verdade, o pedido do Mercosul era de que não houvesse cotas, mas sim um mercado aberto. Diante da oferta feita pela União Européia, os países do Mercosul vão fazer uma avaliação e apresentar uma resposta amanhã em nova reunião com os negociadores europeus", afirmou Arslanian.

O embaixador esteve reunido durante toda a tarde de hoje com representantes do setor privado do agronegócio do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai e com negociadores da União Européia. As reuniões só se encerram na sexta-feira. A proposta inicial do Mercosul é de exportar 315 mil toneladas de carne bovina por ano, com isenção tarifária para o continente europeu. Esse volume
representa 5% do consumo da União Européia.

O bloco europeu considera o volume muito alto e propõe a importação de 100 mil toneladas do
Mercosul dividida em duas fases, sendo 60 mil toneladas em 10 anos, com alíquota de 10%, e 40 mil toneladas que dependeriam das negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). O Mercosul exporta hoje 230 mil toneladas de carne para a UE por ano, sendo
130 mil toneladas com tarifa reduzida de 20% e as 100 mil toneladas
restantes com taxação que equivale a 170%.

Hoje pela manhã, os produtores brasileiros e os negociadores europeus se encontraram na Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e disseram estar dispostos a avançar nas ofertas de abertura de mercados e concluir o acordo até outubro, prazo previsto para o fim das negociações. Há cerca de três semanas, devido a divergências entre os negociadores dos
dois blocos, em Bruxelas, as conversas foram suspensas. As negociações só foram retomadas hoje.