Indicadores do IBGE e da CNI apontam para crescimento industrial

14/04/2004 - 20h58

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Duas pesquisas divulgadas hoje apontam otimismo do setor industrial em relação ao crescimento econômico. Os dados sobre produção, apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam crescimento, no primeiro bimestre, em oito dos 14 estados pesquisados. Já os indicadores de vendas, da Confederação Nacional da Industrial (CNI) revelam que, embora o ritmo tenha se desacelerado, a comparação com os dois primeiros meses do ano passado é positiva.

Segundo O IBGE, a produção média do país subiu 2,7% em relação ao primeiro bimestre de 2003. As indústrias do Amazonas e do Pará tiveram o maior ritmo de crescimento, com
taxa de 7,8%, com destaque para as indústrias de material eletrônico e de comunicações.

O Paraná teve taxa de 5,1%, impulsionado pelo aumento nas atividades de produção de
alimentos, edição e gráfica e veículos automotores. Em São Paulo, o resultado foi de 4,8%, provocado, especialmente pela produção de automóveis, que também motivaram crescimento de
4,5% na produção baiana, ajudada ainda pelo refino e álcool, metalurgia básica e veículos automotores. O desempenho industrial de Goiás, de 4,1%, foi provocado pelos setores de
alimentos e bebidas.

Entre os estados com queda de produção no primeiro bimestre, destacam-se: Pernambuco (-0,4%) e Ceará (-5,6%).

O relatório Indicadores Industriais da CNI diz que as vendas no setor industrial cresceram 5,93% no primeiro bimestre do ano na comparação com o mesmo período de 2003. No mês de fevereiro, houve crescimento de 1,35% em relação a fevereiro de 2003 e queda de 4,51% na comparação com janeiro deste ano. Ao levar em conta o fato de fevereiro ter sido mês de Carnaval, com menor número de dias úteis, o documento reduz a variação para 0,94%.

O destaque mais positivo na pesquisa da CNI diz respeito aos indicadores à massa salarial. Em fevereiro os salários cresceram 1,2% ante janeiro e em 12 meses. "Essa variável vem se comportando de maneira bastante consistente nos últimos meses de 2003 e nesse inicio de 2004, tanto na trajetória mês a mês quanto na comparação entre fevereiro e janeiro", disse o coordenador da pesquisa, Flávio Castelo Branco.

Castelo Branco comentou que os resultados das vendas revelam acomodação da atividade industrial no início do ano, mas a expectativa é que haja retomada do fôlego. "Houve uma certa perda de otimismo quanto ao ritmo de crescimento do início do ano para cá, por conta de alguns
fatores que inviabilizaram a materialização da expectativa", disse, citando a interrupção da trajetória de redução da taxa básica de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do
Banco Central e o noticiário político negativo que predominou na mídia no início do ano.

Castelo Branco condicionou a intensificação do ritmo de crescimento da economia à volta dos investimentos, à sustentação das exportações e à política de redução da taxa de juros.

Juros

O resultado de hoje da reunião do Copom, de redução de 0,25 ponto percentual na taxa selic não agradou o presidente da CNI, Armando Monteiro. Para ele, a queda não cria condições favoráveis para um processo de retomada da atividade econômica como o setor industrial deseja. Monteiro ponderou, no entanto, que "o importante é que Brasil retomou uma trajetória de queda na taxa Selic e acredito que haverá espaço para redução mais acentuadas nos próximos meses".