Brasília, 19/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - O governo do Chile também apóia a pretensão do Brasil fazer parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas, como membro permanente. O presidente chileno, Ricardo Lagos, confirmou no comunicado conjunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, caso a ampliação do conselho seja efetivada, "reconhecerá o legítimo interesse histórico do Brasil de ter esse privilégio".
Os dois presidentes ressaltaram o compromisso comum do Brasil e Chile com a defesa do multilateralismo e do sistema das Nações Unidas, "ao qual compete papel central na manutenção da paz e da segurança internacionais e na promoção do desenvolvimento econômico e social de forma sustentável".
Os presidentes Lula e Lagos reafirmaram a disposição comum de envidar esforços pelo fortalecimento e aperfeiçoamento do sistema multilateral e expressaram o desejo de que essa convergência de valores se traduza em crescente colaboração. Com o objetivo de efetivar tal propósito, os dois presidentes decidiram convocar uma reunião do Sistema de Consultas e Coordenação Política Brasil-Chile, a ser realizada em Santiago, no menor prazo possível.
Quanto a integração dos países sul-americanos, eles afirmaram que "no marco de uma atmosfera democrática e pacífica, harmoniosa e cooperativa", o estreitamento das relações de amizade e cooperação deve traduzir-se em um modelo de desenvolvimento no qual "se aliem o crescimento, a justiça social e a dignidade dos cidadãos".
De acordo ainda com o documento conjunto, foi discutido durante o encontro reservado realizado na parte da manhã, o sistema multilateral de comércio entre as nações do mundo. Os dois presidentes consideraram injustificáveis os desequilíbrios e as assimetrias nas regras comerciais vigentes, "que permitem a utilização de toda a sorte de subsídios e barreiras para aqueles produtos em que os países em desenvolvimento são mais competitivos, em particular os produtos agrícolas". Nesse sentido, concordaram em manter o nível de ambição da Rodada de Doha, que prevê o fim dos subsídios agrícolas que são praticados pelos países mais ricos do mundo em detrimento das importações dos países em fase de desenvolvimento. Foi ressaltado, assim, que as negociações comerciais devem levar em conta os "diferentes níveis de desenvolvimento econômico, as estratégias de desenvolvimento nacional e as carências sociais de cada país".
No comunicado os dois presidentes também expressam o compromisso dos governos do Brasil e Chile "com a luta contra o terrorismo e o narcotráfico".
O presidente Ricardo Lagos agradeceu a Lula a hospitalidade recebida do governo brasileiro e a oportunidade de um diálogo "franco e construtivo". Lagos comunicou ainda que convidou o presidente Lula a visitar o Chile em data a ser marcada.