Brasília, 2/4/2003 (Agência Brasil - ABr) - O processo de erosão, conhecido como voçoroca, está decompondo a nascente do rio Araguaia, em Goiás, que também enfrenta outros graves problemas ambientais. A denúncia é do senador Demóstenes Torres (PFL-GO) que diz que a área mais crítica se localiza na divisa de Goiás com o Mato Grosso. O fenômeno já formou mais de 90 crateras. A maior delas é conhecida como voçoroca chitolina e já arrastou cerca de 17 milhões de m³ de areia para o leito do rio. A chitolina tem cinco quilômetros de extensão, por 70 metros de largura e 50 metros de profundidade. As erosões da nascente do Araguaia, segundo o senador, são resultado do manejo inadequado do solo pela agricultura intensiva, especialmente as culturas da soja e do milho, além da falta de ações ambientais do governo.
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Quilômetros de terra já foram arrastados para o leito do rio
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Imagens de satélite indicam que o processo erosivo avança com velocidade e são visíveis os efeitos danosos do desastre ambiental. Na região da nascente do rio, o assoreamento é tão grande que a lâmina d´água, que já correu em calha definida, hoje não passa de dez centímetros. De acordo com Torres, o problema agrava-se a cada ano e deve receber a atenção da União, uma vez que o Araguaia é um rio federal. "Não podemos mais tolerar que o governo federal continue fazendo cara de paisagem como se um dano ambiental dessa magnitude não fosse da sua competência" ressaltou.
O Araguaia tem 2.115 quilômetros de extensão, banha os estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará. É um dos principais contribuintes da Bacia Amazônica. O senador Torres já encaminhou à Comissão de Assuntos Sociais um requerimento para que o Senado obtenha um diagnóstico preciso do dano ambiental com a finalidade de informar a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, da gravidade do problema.