Operações da PF resultaram em indiciamento de mais de três mil traficantes

12/12/2002 - 20h54

Brasília, 12/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - Mais de três mil traficantes foram indiciados, este ano, como resultado de operações realizadas pela Polícia Federal. Este foi o balanço apresentado, hoje, pelo ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ramos Ribeiro. O líder da maior quadrilha de tráfico de cocaína do país, Leonardo Dias Mendonça, juntamente com mais de 20 integrantes da quadrilha, foi preso no último dia 9 na Operação Diamante.

Segundo o ministro, as investigações têm sido específicas e silenciosas. "As operações têm sido cumpridas na forma da lei, com autorização judicial. A imprensa tem noticiado, quase sempre, os resultados", comentou Paulo de Tarso. Na maioria dos casos, as ações têm sido realizadas em parceria com o Ministério Público Federal.

Mais de duas mil toneladas de maconha, prensada ou ainda nas plantações, também foram apreendidas ou destruídas em todo o Brasil. Esse resultado é relevante, levando-se em consideração que no estado do Rio de Janeiro, por exemplo, o consumo anual não ultrapassa 200 toneladas.

Dentre as operações, Paulo de Tarso destacou a prisão de Leonardo Mendonça e os resultados da missão especial contra o crime organizado no Espírito Santo. Em menos de quatro meses de investigações, foram presos dois importantes suspeitos de liderarem a criminalidade no estado, o coronel da Polícia Militar, Valter Ferreira, e o empresário Carlos Guilherme Lima. Detido hoje, Lima, ex-presidente do Banco do Estado do Espírito Santos (Banestes), é suspeito de chefiar um esquema financeiro ilícito, com acusação de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. "Acredita-se que a aprovação da lei que permitiu a privatização do Banestes, agora, teve a participação brutal dele", contou Santoro.

Indiciado pela execução de uma série de mortes no estado, o coronel Ferreira – mesmo preso no quartel da PM – é suspeito de ter mandado matar Manoel Correia da Silva, a principal testemunha de dois atos criminosos do oficial. Ele foi assassinado dentro de um presídio estadual em Cachoeiro do Itapemirim (ES). "Ele foi executado 30 minutos depois de entrar no presídio, revelando que o coronel continuava operando sua máquina. Ele foi encaminhado para a ala mais perigosa", avaliou o delegado federal.

Por esta razão, a Polícia Federal decidiu transferir, ontem, o coronel para o presídio federal Papudinha, no Acre. Segundo o subprocurador-geral da República, José Roberto Santoro, Ferreira está na mesma cela do ex-deputado federal Hildebrando Pascoal.

A missão especial também reuniu provas para evitar a diplomação do deputado reeleito, José Carlos Gratz, atual presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, evitando que ele assuma o mandato em 2003. Gratz é considerado o representante da face política do crime organizado no Espírito Santo. Santoro avaliou que esses três resultados são emblemáticos, pois os envolvidos representam a liderança do crime organizado local. "Apesar dos resultados satisfatórios, as investigações continuam", informou Santoro.