Brasília, 17 (Agência Brasil - ABr) - A maioria dos eleitores brasileiros é contra a adesão do governo brasileiro a Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Pelo menos isto é o que revela o plebiscito realizado entre os dias 1º e 7 de setembro, em 3.894 municípios.
O plebiscito teve 10.149.542 votantes, sendo que do total 98%, ou 9.979.964 pessoas, disseram não a assinatura do acordo com a Alca. Um por cento, ou 113.643, manifestaram-se a favor da adesão do Brasil ao bloco econômico defendido pelos Estados Unidos.
Os participantes do plebiscito votaram em três perguntas. A segunda foi se aprovavam a permanência ou não do Brasil nas negociações para formar o bloco econômico das Américas. E o resultado mostra que 96%, ou 9.737.190 pessoas, defendem que o governo brasileiro suspenda as negociações para a formação do bloco.
A última pergunta do plebiscito quis saber a opinião dos eleitores sobre o projeto de lei do Governo, que está em análise no Congresso, e permite aos Estados Unidos o uso da base de lançamento de Alcântara. Mais de 99%, ou 10.006.740 eleitores, manifestaram-se contrários à cessão da base de Alcântara. Os restantes 0,65%, ou 66.219, afirmaram ser favoráveis.
Os organizadores do plebiscito informaram que os números podem ter pequenas alterações, porque ainda hoje pela manhã estavam chegando urnas para serem apuradas da Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
O plebiscito foi organizado por mais de 60 entidades, entre elas a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Nacional de Estudantes (UNE), Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e outros movimentos sociais e partidos políticos das oposições.
A divulgação dos resultados parciais ocorreu hoje pela manhã no auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, quando os organizadores divulgaram um manifesto. "Os números sobre o plebiscito nacional sobre a Alca e Alcântara revelam a mais profunda aspiração da sociedade brasileira pela construção de uma nação verdadeiramente livre e soberana, onde o povo seja dono de seu destino", afirmam no documento.
Agora à tarde, uma marcha pretende reunir mais de 5 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios. Às 16h, pelo presidente da Câmara dos Deputados, o primeiro secretário da Casa, Severino Cavalcanti (PPB-PE), vai receber oficialmente o resultado do plebiscito. Às 16h30, um representante do presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), receberá os representantes das entidades que realizaram o plebiscito. Está prevista audiência às 17h30, com o secretário-geral da Presidência da República, Euclides Scalco e, às 18h, com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello.
