crime na ditatura https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/181730/all pt-br Justiça Federal considera que crime praticado por Ustra na ditadura prescreveu https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2014-01-14/justica-federal-considera-que-crime-praticado-por-ustra-na-ditadura-prescreveu <p>Daniel Mello<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo &ndash; A Justi&ccedil;a Federal em S&atilde;o Paulo considerou extinta a punibilidade do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra e do delegado aposentado Alcides Singillo. Ambos eram acusados de oculta&ccedil;&atilde;o de cad&aacute;ver pelo desaparecimento do estudante de medicina Hirohaki Torigoe em 1972. &Agrave; &eacute;poca, Ustra era comandante do Destacamento de Opera&ccedil;&otilde;es de Informa&ccedil;&otilde;es - Centro de Opera&ccedil;&otilde;es de Defesa Interna de S&atilde;o Paulo (DOI-Codi), um dos maiores centros de tortura da ditadura militar.</p> <p> O juiz federal Fernando Am&eacute;rico de Figueiredo Porto, substituto da 5&ordf; Vara Federal Criminal, considerou que a prescri&ccedil;&atilde;o do crime come&ccedil;aria a ser contada a partir do momento da pr&aacute;tica do delito. No caso da oculta&ccedil;&atilde;o de cad&aacute;ver, com pena m&aacute;xima de tr&ecirc;s anos, a possibilidade de puni&ccedil;&atilde;o acabaria em oito anos. Por&eacute;m, o Minist&eacute;rio P&uacute;blico Federal (MPF) argumenta que, como o corpo n&atilde;o foi encontrado, o crime continua sendo praticado, e por isso, n&atilde;o prescreveu. A tese n&atilde;o foi aceita pelo magistrado, que declarou o processo extinto.</p> <p> Torigoe, ent&atilde;o com 27 anos, foi morto no dia 5 de janeiro de 1972. O estudante era membro da A&ccedil;&atilde;o Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento de Liberta&ccedil;&atilde;o Popular, organiza&ccedil;&otilde;es de resist&ecirc;ncia &agrave; ditadura. A vers&atilde;o oficial do crime &ndash; divulgada &agrave; imprensa duas semanas ap&oacute;s o desaparecimento do estudante &ndash;&nbsp; dizia que Torigoe foi morto na Rua Albuquerque Lins, no bairro de Higien&oacute;polis, na zona oeste de S&atilde;o Paulo, em um tiroteio com a pol&iacute;cia. Segundo as fontes oficiais da &eacute;poca, a demora na divulga&ccedil;&atilde;o da morte ocorreu porque a v&iacute;tima usava documentos falsos, com o nome de Massahiro Nakamura.</p> <p> No entanto, o MPF contesta a vers&atilde;o oficial com base no depoimento de duas testemunhas: Andr&eacute; Tsutomu Ota e Francisco Carlos de Andrade, presos na mesma data. De acordo com os depoimentos, Torigoe foi ferido e levado ainda com vida ao DOI-Codi, no bairro do Ibirapuera, onde foi interrogado e submetido &agrave; tortura.</p> <p> As testemunhas disseram que os agentes respons&aacute;veis pela pris&atilde;o de Torigoe tinham pleno conhecimento da verdadeira identidade do detido. Apesar disso, de acordo com o MPF, todos os documentos a respeito da morte da v&iacute;tima, inclusive o laudo de necropsia, a certid&atilde;o de &oacute;bito e o registro no cemit&eacute;rio foram elaborados em nome de Massahiro Nakamura.</p> <p> Para o MPF, al&eacute;m de usarem o nome falso nos documentos de &oacute;bito e de sepultarem clandestinamente o estudante no Cemit&eacute;rio de Perus, em S&atilde;o Paulo, os subordinados de Ustra negaram aos pais do estudante informa&ccedil;&otilde;es a respeito do filho desaparecido. Desde 2006, um inqu&eacute;rito civil p&uacute;blico busca localizar os restos mortais de Torigoe.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> <p> Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir as mat&eacute;rias &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></p> Cidadania crime na ditatura ditadura Hirohaki Torigoe justiça federal Ustra Tue, 14 Jan 2014 23:29:42 +0000 fabio.massalli 738251 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/