leilão de campo de libra https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/176259/all pt-br Ex-diretor da Petrobras diz que licitação do Campo de Libra é contra o interesse nacional https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-10-10/ex-diretor-da-petrobras-diz-que-licitacao-do-campo-de-libra-e-contra-interesse-nacional <p>Alana Gandra<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Rio de Janeiro - O diretor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de S&atilde;o Paulo (IEE-USP), Ildo Sauer, ex-diretor da Petrobras, espera que o <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-09-25/psol-protocola-acao-popular-pedindo-suspensao-do-leilao-do-campo-de-libra " target="_blank">Poder Judici&aacute;rio </a>ainda possa se manifestar para inviabilizar a&nbsp; licita&ccedil;&atilde;o do Campo de Libra, primeira na &aacute;rea do pr&eacute;-sal,&nbsp; programada para o pr&oacute;ximo dia 21, no Rio de Janeiro.&nbsp; Para Sauer, esse &eacute; um ato &ldquo;contra o interesse nacional&rdquo;.&nbsp;</p> <p> &ldquo;Sou totalmente contr&aacute;rio&rdquo;, disse o diretor do IEE-USP &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong>. &ldquo;Quem disse que vai ser bom para o pa&iacute;s &eacute; porque ou deve estar equivocado ou n&atilde;o sabe fazer contas&rdquo;. Sauer sublinhou que nenhum pa&iacute;s do mundo que conseguiu identificar uma nova prov&iacute;ncia petrol&iacute;fera, ainda mais da import&acirc;ncia de Libra, coloca em produ&ccedil;&atilde;o e efetua leil&otilde;es sem primeiro pesquisar&nbsp; a fundo qual &eacute; o tamanho da reserva.</p> <p> &ldquo;Se &eacute; para mudar o pa&iacute;s, voc&ecirc; tem que saber quanto petr&oacute;leo tem. Nenhum fazendeiro&nbsp; vende uma fazenda sem saber quantos&nbsp; bois tem&rdquo;, argumentou para sinalizar&nbsp; a necessidade que haja um controle estrat&eacute;gico sobre o ritmo de produ&ccedil;&atilde;o.</p> <p> Sauer afian&ccedil;ou que o edital de Libra &eacute; um equ&iacute;voco estrat&eacute;gico e contraria o interesse p&uacute;blico. Ele salientou que todos os pa&iacute;ses exportadores controlam o ritmo de produ&ccedil;&atilde;o a partir de interesses de Estado &ldquo;e n&atilde;o de contratos microeconomicamente outorgados&rdquo;. Para ele, o melhor regime para pa&iacute;ses que t&ecirc;m grandes recursos de petr&oacute;leo &eacute; contratar uma empresa 100% estatal, como ocorre,&nbsp; por exemplo, com a Petr&oacute;leos da Venezuela (PDVSA).</p> <p> O diretor da IEE-USP n&atilde;o tem d&uacute;vidas que existem outras formas, que n&atilde;o o leil&atilde;o, que permitem o controle do Estado nacional sobre o ritmo de produ&ccedil;&atilde;o. Ele sugeriu&nbsp; a contrata&ccedil;&atilde;o direta da Petrobras e avaliou que isso geraria mais benef&iacute;cios para o Tesouro Nacional do que a partilha convencional no leil&atilde;o. No caso da contrata&ccedil;&atilde;o da estatal, o contrato de partilha&nbsp; se assemelharia mais&nbsp; a um contrato de presta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;os, negociado diretamente com a Petrobras que, por sua vez, &eacute; controlada pelo&nbsp; governo.</p> <p> Sauer considerou &ldquo;assustadora&rdquo; a op&ccedil;&atilde;o do governo federal pelo leil&atilde;o de Libra e atribuiu&nbsp; a pressa em licitar a primeira &aacute;rea do pr&eacute;-sal ao acordo firmado pelo governo brasileiro com os Estados Unidos, em mar&ccedil;o de 2011, durante a visita do presidente Barack Obama ao Brasil. O acordo&nbsp; visava a acelerar a produ&ccedil;&atilde;o&nbsp; dos recursos do pr&eacute;-sal, &ldquo;que &eacute; o que est&aacute; sendo feito com&nbsp; Libra&rdquo;, para benef&iacute;cio m&uacute;tuo dos dois pa&iacute;ses.</p> <p> &ldquo;Aos Estados Unidos interessa produzir mais petr&oacute;leo o quanto antes e reduzir o pre&ccedil;o. Para um pa&iacute;s que pretende ser exportador, como &eacute; o caso do Brasil, interessa controlar o ritmo de produ&ccedil;&atilde;o e&nbsp; manter o pre&ccedil;o elevado&rdquo;, insistiu. Por isso, Sauer reiterou que &eacute;&nbsp; &ldquo;assustadora a euforia ing&ecirc;nua&rdquo; que v&ecirc; em diversas &aacute;reas em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; licita&ccedil;&atilde;o de Libra, &ldquo;principalmente na Presid&ecirc;ncia da Rep&uacute;blica e na Ag&ecirc;ncia Nacional do Petr&oacute;leo, G&aacute;s Natural e Biocombust&iacute;veis [ANP], como se fossem agentes subalternos do interesse americano&rdquo;. A espionagem praticada por &oacute;rg&atilde;os dos Estados Unidos em documentos estrat&eacute;gicos do Brasil est&aacute; vinculada a isso, acredita.</p> <p> Ildo Sauer sustentou que, atualmente, no mundo, todas as grandes reservas de petr&oacute;leo&nbsp; est&atilde;o nas m&atilde;os de empresas 100% estatais ou de Estados nacionais. &ldquo;Somente uma fra&ccedil;&atilde;o est&aacute; na m&atilde;o das grandes multinacionais do passado, como a Exxon, a Shell, a EPP, a British Petroleum&rdquo;.</p> <p> O petr&oacute;leo est&aacute; no centro de um embate estrat&eacute;gico e geopol&iacute;tico, disse. De um lado, se encontram os Estados Unidos e a China, buscando acelerar a produ&ccedil;&atilde;o de petr&oacute;leo de todos os tipos, inclusive o n&atilde;o convencional. Os Estados Unidos j&aacute; ocupam a terceira posi&ccedil;&atilde;o no <em>ranking </em>dos maiores produtores globais, prestes a ultrapassar a R&uacute;ssia e aproximando-se da Ar&aacute;bia Saudita.</p> <p> De outro lado, est&aacute; a Organiza&ccedil;&atilde;o dos Pa&iacute;ses Produtores de Petr&oacute;leo (Opep) que, em 2004/2005, conseguiu elevar os pre&ccedil;os do petr&oacute;leo, sustentando-os a partir da&iacute; em torno de US$ 100 o barril. Sauer informou que o custo de produzir direto, ou seja, a rela&ccedil;&atilde;o capital e trabalho, est&aacute; em US$ 1 na Ar&aacute;bia Saudita e em cerca de&nbsp; US$ 15, no Brasil. Com o acr&eacute;scimo de transfer&ecirc;ncias obrigat&oacute;rias, entre as quais impostos e <em>royalties</em>, o pre&ccedil;o do produto chega a US$ 40 o barril.</p> <p> &ldquo;E tudo que o governo americano, em conjunto com a China&nbsp; e outros, est&aacute; fazendo&nbsp; &eacute; buscar quebrar a coordena&ccedil;&atilde;o da Opep que, junto com a R&uacute;ssia,&nbsp; vem mantendo o pre&ccedil;o elevado. Eles querem que o pre&ccedil;o do petr&oacute;leo volte a cair para algo como US$ 40 a US$ 50, pr&oacute;ximo dos custos de produ&ccedil;&atilde;o&rdquo;. Essa estrat&eacute;gia, disse Sauer, objetiva fazer com que os benef&iacute;cios do uso e produ&ccedil;&atilde;o do petr&oacute;leo v&atilde;o para quem o consome e n&atilde;o para quem o produz.</p> <p> O diretor do IEE-USP&nbsp; disse que &eacute; preciso primeiro saber para&nbsp; que&nbsp; o Brasil quer o dinheiro do pr&eacute;-sal. Se &eacute; para sa&uacute;de p&uacute;blica, educa&ccedil;&atilde;o, entre outras &aacute;reas, para impedir a repeti&ccedil;&atilde;o de ciclos que se esgotaram, como o do ouro, do caf&eacute; e da borracha, e n&atilde;o deixaram mudan&ccedil;as concretas de qualidade de vida para a popula&ccedil;&atilde;o.&nbsp;</p> <p> Sauer assegurou que nenhum pa&iacute;s&nbsp; do mundo, que est&aacute; vinculado ao debate geopol&iacute;tico e estrat&eacute;gico, renuncia ao controle sobre o ritmo de produ&ccedil;&atilde;o. Isso, apontou, &eacute; o&nbsp; que ocorrer&aacute; no contrato de partilha, que vai vigorar nos leil&otilde;es do pr&eacute;-sal. Segundo Sauer, esse regime &ldquo;outorga um contrato que vai sendo resolvido de acordo com o ritmo de produ&ccedil;&atilde;o. Os investimentos ser&atilde;o feitos e o objetivo &eacute; o quanto antes converter petr&oacute;leo em moeda&rdquo;. Na opini&atilde;o do ex-diretor da Petrobras, o leil&atilde;o de Libra &eacute; &ldquo;a maior privatiza&ccedil;&atilde;o da hist&oacute;ria brasileira&rdquo;.</p> <p> A <a href="http:// http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-10-10/diretora-geral-da-anp-diz-que-regime-de-partilha-e-melhor-para-exploracao-do-pre-sal" target="_blank">diretora-geral da Ag&ecirc;ncia Nacional do Petr&oacute;leo, G&aacute;s Natural e Biocombust&iacute;veis (ANP)</a>, Magda Chambriard, disse que o leil&atilde;o do Campo de Libra,&nbsp; &quot;ser&aacute; um sucesso&quot;, n&atilde;o s&oacute; pelo tamanho das reservas, estimadas entre 8 bilh&otilde;es e 12 bilh&otilde;es de barris de petr&oacute;leo, mas tamb&eacute;m pela absor&ccedil;&atilde;o de investimentos pela ind&uacute;stria local.</p> <p> Magda garantiu que a mudan&ccedil;a do regime de concess&atilde;o para o sistema de partilha n&atilde;o trar&aacute; preju&iacute;zo para o pa&iacute;s. A dirigente salientou que o regime de partilha j&aacute; faz parte do portf&oacute;lio de todas as grandes petroleiras globais.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> <p> Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir as mat&eacute;rias &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></p> ANP Campo de Libra Economia IEE/USP ildo sauer leilão de campo de libra petrobras Thu, 10 Oct 2013 19:54:25 +0000 fabio.massalli 732622 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/