Gláucia Almeida https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/175829/all pt-br Profissionais do Mais Médicos contam dificuldades que enfrentam na Baixada Fluminense https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-10-05/profissionais-do-mais-medicos-contam-dificuldades-que-enfrentam-na-baixada-fluminense <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/26/gallery_assist732224/prev/ABr021013_TNG1423.jpg" style="width: 300px; height: 225px; margin: 8px; float: right;" />Vin&iacute;cius Lisboa<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia da Brasil </em></p> <p> Rio de Janeiro - Ao aderir &agrave; primeira etapa do Programa Mais M&eacute;dicos, o munic&iacute;pio de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que tem cerca de 855 mil habitantes, ofereceu 32 vagas. Ap&oacute;s as inscri&ccedil;&otilde;es, 11 brasileiros e dois estrangeiros foram selecionados para atuar na cidade. Quando chegou o dia da apresenta&ccedil;&atilde;o, seis brasileiros compareceram, e, desses, quatro completaram na &uacute;ltima quarta-feira (2) um m&ecirc;s de atua&ccedil;&atilde;o, j&aacute; que dois desistiram do programa.</p> <p>Um dos que continua na vaga &eacute; Wendel Jos&eacute;, de 26 anos, formado h&aacute; nove meses e entusiasmado com o contato com os pacientes do bairro de Parada Ang&eacute;lica, onde preencheu uma vaga na unidade do Programa de Sa&uacute;de da Fam&iacute;lia. Ele j&aacute; morava em Duque de Caxias, mas nasceu em Gua&iacute;ra, no interior de S&atilde;o Paulo.</p> <p>&quot;O pessoal tem sido bem receptivo. Aqui tinha uma car&ecirc;ncia muito grande mesmo de m&eacute;dico. A gente v&ecirc; pessoas com problemas cr&ocirc;nicos, como diabetes e hipertens&atilde;o, que estavam sem acompanhamento, algumas j&aacute; at&eacute; com complica&ccedil;&otilde;es dessas doen&ccedil;as&quot;, diz o m&eacute;dico, que focou a forma&ccedil;&atilde;o na emerg&ecirc;ncia, mas migrou para a sa&uacute;de da fam&iacute;lia com o programa. &quot;A gente v&ecirc; tanto paciente que chega mal na emerg&ecirc;ncia, com complica&ccedil;&otilde;es que poderiam ter sido evitadas. Com a preven&ccedil;&atilde;o, a pessoa hipertensa n&atilde;o chega a ter pico hipertensivo ou AVC (acidente vascular cerebral).Tudo come&ccedil;a na aten&ccedil;&atilde;o b&aacute;sica&quot;,disse.</p> <p>No estado do Rio, em que todos os m&eacute;dicos da primeira etapa foram alocados na regi&atilde;o metropolitana, a Baixada Fluminense aguardava receber 37 profissionais formados no Brasil, enquanto Itabora&iacute; e S&atilde;o Gon&ccedil;alo, no leste fluminense, sete, e a capital, 16. Em Belford Roxo, no entanto, nenhum dos sete previstos se apresentou. O mesmo ocorreu em S&atilde;o Jo&atilde;o de Meriti, onde um m&eacute;dico deveria ter comparecido. Na capital, 11 m&eacute;dicos desistiram, e, em S&atilde;o Gon&ccedil;alo, segunda cidade mais populosa do estado, dos tr&ecirc;s m&eacute;dicos aguardados, dois se apresentaram e um abandonou o programa.</p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/26/gallery_assist732224/prev/ABr011013_TNG9998.jpg" style="width: 300px; height: 225px; margin: 8px; float: left;" />Em outra cidade da baixada, Mesquita, Eliazar Estevam de Barros &eacute; outro m&eacute;dico do programa que completa um m&ecirc;s de atua&ccedil;&atilde;o. Com 23 anos de carreira, ele se inscreveu por ter experi&ecirc;ncia na sa&uacute;de da fam&iacute;lia e pelo sal&aacute;rio, de R$ 10 mil, e teve que se mudar de Angra dos Reis para o Rio. A chegada dele e de uma profissional que n&atilde;o &eacute; do Mais M&eacute;dicos ao posto da Estrat&eacute;gia de Sa&uacute;de da Fam&iacute;lia em Santo Elias rompeu um per&iacute;odo em que as equipes ficaram cerca de um ano sem m&eacute;dicos.</p> <p>&quot;O nosso grande problema, que &eacute; do pa&iacute;s inteiro, &eacute; fixar m&eacute;dico. A gente n&atilde;o consegue ter um grande sal&aacute;rio, e os m&eacute;dicos n&atilde;o t&ecirc;m a disponibilidade de carga hor&aacute;ria necess&aacute;ria para atuar na aten&ccedil;&atilde;o b&aacute;sica e ter v&iacute;nculo com a popula&ccedil;&atilde;o. Esse programa veio nos ajudar a resolver esse problema de fixa&ccedil;&atilde;o do m&eacute;dico&quot;, defendeu Gl&aacute;ucia Almeida, coordenadora da Aten&ccedil;&atilde;o B&aacute;sica de Mesquita.</p> <p>O munic&iacute;pio ofereceu oito vagas ao se inscrever para o programa. Recebeu seis m&eacute;dicos brasileiros e um estrangeiro, mas apenas quatro dos formados no Brasil se apresentaram. Deles, dois desistiram alegando n&atilde;o ter disponibilidade para a carga hor&aacute;ria de 40 horas. Mesquita, segundo Gl&aacute;ucia, tem atualmente duas equipes de sa&uacute;de da fam&iacute;lia com falta de m&eacute;dicos.</p> <p>A unidade de sa&uacute;de ocupa uma casa de tr&ecirc;s quartos com problemas de conserva&ccedil;&atilde;o pontuais, como portas descascadas e uma parede com infiltra&ccedil;&atilde;o, apesar de boa parte do pr&eacute;dio ter pintura nova, e os pacientes aguardarem em uma sala de espera arejada adaptada na garagem da resid&ecirc;ncia. No consult&oacute;rio de Eliazar, h&aacute; ar condicionado e mob&iacute;lia simples: um arm&aacute;rio estreito, uma cama, duas cadeiras e uma mesa de ferro pintada de branco: &quot;O posto garante o m&iacute;nimo para o atendimento. O resto &eacute; da garra da equipe&quot;, afirma o m&eacute;dico.</p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/26/gallery_assist732224/prev/ABr021013_TNG1266.jpg" style="width: 300px; height: 225px; margin: 8px; float: right;" />O pr&eacute;dio da unidade em que Wendel trabalha foi inaugurado em agosto, e, segundo m&eacute;dico, n&atilde;o dificulta seu trabalho. &quot;A &uacute;nica queixa &eacute; que a unidade &eacute; pequena para tr&ecirc;s equipes. S&atilde;o tr&ecirc;s salas de atendimento, uma de preventivo, uma de vacina&ccedil;&atilde;o e uma de dentistas. Somos tr&ecirc;s m&eacute;dicos e tr&ecirc;s enfermeiros, que tamb&eacute;m atendem. Quarta-feira, ainda vem a pediatra, que ocupa mais uma. Mas todo mundo fala que sou privilegiado por trabalhar em uma unidade nova. Aqui n&atilde;o tem problema nenhum&quot;, explicou.</p> <p> Apesar disso, ele narra outra dificuldade: a falta de um carro para levar as equipes at&eacute; as pessoas que precisam de atendimento domiciliar, o que faz com que ele visite apenas casas pr&oacute;ximas a ponto de ir a p&eacute;. Quanto &agrave; locomo&ccedil;&atilde;o, a periculosidade de algumas &aacute;reas cobertas pela cl&iacute;nica &eacute; outra preocupa&ccedil;&atilde;o: &quot;Tem lugares em que n&atilde;o costumamos ir porque s&atilde;o zonas de risco. N&atilde;o nos negamos a ir, mas depende do caso&rdquo;, observou.</p> <p> Eliazar j&aacute; levou &agrave; Coordena&ccedil;&atilde;o de Aten&ccedil;&atilde;o B&aacute;sica do munic&iacute;pio suas demandas, pede um computador com internet e um guarda noturno no posto. &quot;A internet j&aacute; foi instalada na segunda(30) e ficaram de mandar o computador. H&aacute; necessidade do computador para v&aacute;rias coisas, e uma delas &eacute; o telecurso do programa e os relat&oacute;rios que tenho preenchido de casa. Isso deveria ser feito no hor&aacute;rio de trabalho&quot;.</p> <p> O m&eacute;dico lotado em Mesquita conta que, no primeiro m&ecirc;s de trabalho, seus principais pacientes foram diab&eacute;ticos, hipertensos e gestantes, j&aacute; que &eacute; obstetra, mas outros casos surpreenderam: &quot;A partir da visita de agentes comunit&aacute;rios que perceberam algo de estranho, pontuamos ao conselho tutelar uma menor que estava sendo abusada. O programa tamb&eacute;m tem essa parte da aten&ccedil;&atilde;o social, que &eacute; importante&quot;.</p> <p> J&aacute; conhecido de algumas fam&iacute;lias do bairro, Wendel tamb&eacute;m tem casos para contar: &quot;Tem gente que vem s&oacute; pra conversar. Teve uma senhora que veio &agrave; consulta s&oacute; para perguntar se podia comer amendoim, porque estava com colesterol e triglicer&iacute;deos altos e sentiu vontade. Isso tamb&eacute;m &eacute; sa&uacute;de da fam&iacute;lia. O objetivo &eacute; criar v&iacute;nculo com a comunidade. Tem gente que vem aqui toda semana e at&eacute; traz fruta que d&aacute; no quintal pra gente&quot;, contou.</p> <p> O jovem m&eacute;dico afirma que o programa &eacute; bom, mas questiona o modo como foi formulado: &quot;N&atilde;o concordo, por exemplo, que m&eacute;dicos de outros pa&iacute;ses entrem no Brasil sem a revalida&ccedil;&atilde;o do diploma, nem com cubanos ganharem menos que os outros. O programa &eacute; bom, mas n&atilde;o &eacute; s&oacute; levar o m&eacute;dico. Tem que estruturar a unidade e manter o m&eacute;dico l&aacute;. Os m&eacute;dicos n&atilde;o s&atilde;o contra o programa, s&atilde;o contra a formula&ccedil;&atilde;o&quot;,observou.</p> <p> Eliazar, por outro lado, elogia a iniciativa e garante: &quot;Estou aqui muito feliz. As pessoas t&ecirc;m muitas d&uacute;vidas, mas pelo menos da minha parte, o programa vai dar certo&quot;,concluiu.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o:&nbsp; Val&eacute;ria Aguiar</em></p> <p> Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir o material &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil </strong></p> Baixada Fluminense belford roxo Duque de Caxias Eliazar Estevam de Barros Gláucia Almeida Mais Médicos mesquita Saúde Wendel José Sat, 05 Oct 2013 22:26:05 +0000 valeria.aguiar 732235 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/