Unidade de Mobilização Pela Anistia https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/170995/all pt-br Militares perseguidos relataram dificuldades para conseguir emprego durante a ditadura https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-08-13/militares-perseguidos-relataram-dificuldades-para-conseguir-emprego-durante-ditadura <p>Vin&iacute;cius Lisboa<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Rio de Janeiro &ndash; Dois militares que foram perseguidos pela ditadura e participaram de associa&ccedil;&otilde;es que lutaram pela anistia prestaram depoimento na manh&atilde; de hoje (13) para a Comiss&atilde;o Nacional da Verdade e para a Comiss&atilde;o Estadual da Verdade do Rio de Janeiro. Ambos s&atilde;o membros da Unidade de Mobiliza&ccedil;&atilde;o Pela Anistia (Unma) e tamb&eacute;m contaram como foi a persegui&ccedil;&atilde;o fora dos quart&eacute;is, com dificuldades para conseguir emprego.</p> <p> O primeiro a depor foi Joaquim Aur&eacute;lio de Oliveira, que estava prestes a ser promovido a cabo da Marinha, e foi preso por participar de uma assembleia permanente no pr&eacute;dio do Sindicato dos Metal&uacute;rgicos, contra a pris&atilde;o de membros da associa&ccedil;&atilde;o dos marinheiros. &quot;A Marinha considerou motim e fomos julgados e condenados&quot;.</p> <p> Joaquim chegou a ser mantido no Complexo Penitenci&aacute;rio de Bangu, com presos de alta periculosidade. Ele passou cerca de sete meses na pris&atilde;o comum at&eacute; ser enviado ao Pres&iacute;dio de Ilha Grande, onde ficavam os presos pol&iacute;ticos. No total, foram dois anos e 27 dias de c&aacute;rcere, per&iacute;odo em que relatou ter testemunhado assassinatos e quase ter morrido em uma greve de fome de 16 dias para ser transferido para o &quot;continente&quot;, onde teria mais acesso &agrave; fam&iacute;lia, que s&oacute; o visitou uma vez.</p> <p> Ao sair, no entanto, contou que a persegui&ccedil;&atilde;o continuou, pois n&atilde;o conseguia emprego em &oacute;rg&atilde;os p&uacute;blicos, como a Petrobras e a subsidi&aacute;ria Petroflex, apesar de ter sido aprovado em concurso para ambas, por sua forma&ccedil;&atilde;o de eletricista. Joaquim s&oacute; foi reintegrado &agrave; Marinha em 1991, por uma decis&atilde;o judicial e hoje &eacute; suboficial da reserva.</p> <p> O segundo a depor foi Wanderlei Rodrigues da Silva, presidente da Unma, que foi expulso da Marinha e n&atilde;o chegou a ser preso, mas teve as mesmas dificuldades para conseguir emprego. &quot;Quando eu sa&iacute; da Marinha, n&atilde;o tinha onde morar. Tive que ser alojado na casa da irm&atilde; de um amigo, no M&eacute;ier, e, para buscar trabalho, tinha que ir andando at&eacute; o centro, porque n&atilde;o tinha como pagar a condu&ccedil;&atilde;o&quot;, conta ele.</p> <p> &quot;Voc&ecirc; era cortado e diziam que voc&ecirc; era subversivo e n&atilde;o tinha capacidade de viver em grupo. Alguns colegas se suicidaram por n&atilde;o resistirem a isso&quot;, contou Wanderlei.</p> <p> Quando conseguiu trabalho, na multinacional Olivetti, na qual se aposentou, Wanderlei quase perdeu oito meses, depois que come&ccedil;ou a trabalhar. Uma carta da Marinha foi enviada ao escrit&oacute;rio, com uma recomenda&ccedil;&atilde;o de que todos os ex-marinheiros expulsos da For&ccedil;a n&atilde;o poderiam ser admitidos. Por engano a carta chegou a ele pr&oacute;prio: &quot;Recomenda&ccedil;&atilde;o da Marinha naquela &eacute;poca era ordem. Rasguei a carta e queimei. Por isso consegui trabalhar l&aacute; por 27 anos e me aposentei. Depois de me aposentar, me juntei &agrave; Unma na luta para garantir os direitos dos anistiados pol&iacute;ticos, porque ainda n&atilde;o foi conclu&iacute;da a nossa anistia&quot;, observou.<br /> &nbsp;<br /> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Val&eacute;ria Aguiar</em></p> <p> <em>Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir o material &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></em></p> Bangu Cidadania Comissão Nacional da Verdade ditadura militar Marinha militares Unidade de Mobilização Pela Anistia Tue, 13 Aug 2013 18:57:26 +0000 carolinap 727936 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/