matriculados https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/168792/all pt-br Cresce número de alunos com mais de 40 anos nos supletivos de São Paulo https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-07-22/cresce-numero-de-alunos-com-mais-de-40-anos-nos-supletivos-de-sao-paulo <p><img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/26/gallery_assist715269/prev/Alfabetizacao.jpg" style="width: 300px; height: 225px; margin: 3px; float: right;" />Fernanda Cruz<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo &ndash; &ldquo;Eu n&atilde;o sabia que eu tinha a capacidade de estudar e passar nas provas, porque eu me achava muito ruim nessa parte de escola&rdquo;, conta Masako Sato, que aos 78 anos acaba de concluir o ensino m&eacute;dio e comemora a aprova&ccedil;&atilde;o no vestibular para o curso de moda e estilismo. &ldquo;Eu estou feliz, quem fica muito orgulhoso de mim s&atilde;o meus filhos e minha nora. Agora, eu nunca mais vou parar de estudar&rdquo;, disse ela.</p> <p> Masako faz parte do novo perfil de estudantes que buscam o diploma dos ensinos fundamental e m&eacute;dio nos supletivos paulistas. De acordo com a Secretaria Estadual de Educa&ccedil;&atilde;o, pessoas com mais de 40 anos representam 14,3% dos matriculados em 2012 na educa&ccedil;&atilde;o de jovens e adultos (EJA), o equivalente a 30.602. H&aacute; dez anos, essa propor&ccedil;&atilde;o era 9,7%.</p> <p> &ldquo;Essas pessoas est&atilde;o no mercado de trabalho e est&atilde;o se defrontando com trabalhos muitos complexos e com uma exig&ecirc;ncia de escolaridade muito grande. Ent&atilde;o, o trabalho que, muitas vezes, tirou essas pessoas da escolariza&ccedil;&atilde;o regular [no passado] impulsiona, neste momento, a voltarem para completar a sua escolariza&ccedil;&atilde;o&rdquo;, avalia Mertila Larcher de Moraes, diretora do Centro de Educa&ccedil;&atilde;o de Jovens e Adultos.</p> <p> Os adultos que decidem voltar &agrave;s salas de aulas encontram duas op&ccedil;&otilde;es. A mais convencional &eacute; por meio da educa&ccedil;&atilde;o de jovens adultos, que consiste em classes dentro das escolas estaduais. Os alunos precisam assistir &agrave;s aulas regulares, normalmente &agrave; noite, e o curso tem dura&ccedil;&atilde;o de dois anos para o ensino fundamental e de um ano e meio para o ensino m&eacute;dio. A rede atende a 214 mil alunos, 180 mil no ensino m&eacute;dio e 36 mil no ensino fundamental, conforme dados de 2012.</p> <p> Existem tamb&eacute;m, no estado de S&atilde;o Paulo, os centros estaduais de educa&ccedil;&atilde;o de jovens e adultos (Ceeja). As aulas n&atilde;o t&ecirc;m hor&aacute;rio r&iacute;gido e o aluno n&atilde;o precisa comparecer &agrave; escola todos os dias. O estudante pode estudar em casa ou no trabalho, basta passar na avalia&ccedil;&atilde;o. Martila explica que a dura&ccedil;&atilde;o dos cursos &eacute; condicionada ao ritmo de aprendizagem do aluno. As 21 unidades atendem, no total, a mais de 40 mil matriculados.</p> <p> O Ceeja &eacute; o mais apropriado para pessoas que trabalham, t&ecirc;m filhos e outros compromissos. Mertila citou os estudantes caminhoneiros da cidade de Miracatu, regi&atilde;o do litoral sul paulista. &ldquo;Eles v&atilde;o levar a produ&ccedil;&atilde;o e a&iacute; o caminh&atilde;o quebra, ou eles pegam enchente, e voltam desesperados se perderam a matr&iacute;cula. Mas n&atilde;o perdem&rdquo;, relata.</p> <p> Segundo Maria Stela Santos Graciani, coordenadora do curso de pedagogia da Pontif&iacute;cia Universidade Cat&oacute;lica (PUC-SP), o maior desafio para lecionar para adultos com mais de 40 anos &eacute; ajudar os alunos a superar a vergonha pela rejei&ccedil;&atilde;o sofrida no processo escolar quando crian&ccedil;a. &ldquo;O aluno n&atilde;o sai do sistema educacional por for&ccedil;a s&oacute; do trabalho. Ele sai muitas vezes porque ele sofreu <em>bullying </em>&eacute;tnico, seja racial, pela cor, pela forma como fala ou porque veio de uma certa regi&atilde;o do nosso pa&iacute;s&rdquo;, disse.</p> <p> Al&eacute;m das exig&ecirc;ncias do mercado de trabalho, Maria Stela cita como motivador do retorno &agrave; sala de aula, a vontade de supera&ccedil;&atilde;o do sentimento de inferioridade na rela&ccedil;&atilde;o com os filhos, por exemplo. &ldquo;Muitas vezes, os filhos v&atilde;o para escola sabem mais do que ele. Tem uma subalternidade ao filho. A&iacute;, em uma briga, o filho pode dizer: &#39;voc&ecirc; n&atilde;o sabe nem ler, pai&#39;. Ent&atilde;o, coisas desse tipo, que se d&atilde;o dentro de casa, no trabalho&rdquo;, disse a especialista.</p> <p> No caso da aluna mais velha da turma de moda e estilismo, Masako Sato, o grande motivador para a volta &agrave; escola foi um desejo antigo. &ldquo;Sempre tive aquele sonho de fazer uma faculdade de moda e estilismo&rdquo;, conta.</p> <p> Quando jovem, ela cursou at&eacute; a 4&ordf; s&eacute;rie, mas interrompeu os estudos para ajudar os pais na lavoura no munic&iacute;pio de Pen&aacute;polis, interior do estado. Depois, veio para a capital paulista, fez um curso de modelista, mas casou-se e teve filhos. S&oacute; pensou em voltar a estudar com a morte do marido, aos 62 anos. Fez supletivo e, ao conclu&iacute;-lo, decidiu testar o vestibular.</p> <p> &ldquo;Quando eu peguei o folheto [da universidade], n&atilde;o dei muita import&acirc;ncia. Mas a&iacute; eu tive curiosidade, pensei: vou tentar fazer para ver se eu tenho capacidade de passar e conseguir. Realizar esse sonho &eacute; a coisa mais gratificante para mim&rdquo;, conta Masako.</p> <p> &nbsp;</p> <p><em>Edi&ccedil;&atilde;o: Carolina Pimentel</em></p> <p> <em>Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. &Eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></em></p> Agência Brasil alunos alunos com mais de 40 anos aprendizagem aulas Ceeja Educação educação de jovens e adultos EJA escola matriculados são paulo Secretaria Estadual de Educação supletivos Mon, 22 Jul 2013 18:30:50 +0000 carolinap 726180 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/