MPF do Rio https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/161893/all pt-br MPF denuncia agentes da ditadura por desaparecimento de jornalista https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-05-15/mpf-denuncia-agentes-da-ditadura-por-desaparecimento-de-jornalista <p><em>Da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Rio de Janeiro &ndash; O Minist&eacute;rio P&uacute;blico Federal (MPF) no Rio de Janeiro denunciou cinco agentes da ditadura militar pelo sequestro e desaparecimento do jornalista M&aacute;rio Alves de Souza Vieira, militante pol&iacute;tico detido ilegalmente em 16 de janeiro de 1970. Segundo informa&ccedil;&otilde;es do MPF, a v&iacute;tima foi presa, sequestrada e torturada pelos militares, que atuaram no Destacamento de Opera&ccedil;&otilde;es de Defesa Interna &ndash; Centro de Opera&ccedil;&otilde;es de Defesa Interna (DOI-Codi-RJ). A den&uacute;ncia foi a primeira do g&ecirc;nero feita pelo MPF no Rio de Janeiro.</p> <p> Os procuradores pedem que os acusados sejam condenados pelo crime de sequestro qualificado com reconhecimento de circunst&acirc;ncias agravantes, como motivo torpe, abuso de autoridade e abuso de poder. A promotoria requer ainda a perda de cargo p&uacute;blico dos agentes, o cancelamento de suas aposentadorias ou qualquer provento remunerado, retirada de medalhas e condecora&ccedil;&otilde;es e o pagamento de indeniza&ccedil;&atilde;o no valor de R$ 100 mil a t&iacute;tulo de repara&ccedil;&atilde;o material &agrave; fam&iacute;lia da v&iacute;tima.</p> <p> Foram identificados como respons&aacute;veis diretos pelo crime os agentes Luiz M&aacute;rio Valle Correia Lima (conhecido como Tenente Correia Lima), Luiz Tim&oacute;theo de Lima (Inspetor Tim&oacute;teo), Roberto Augusto de Mattos Duque Estrada (Capit&atilde;o Duque Estrada), Dulene Aleixo Garcez dos Reis (Tenente Garcez) e Valter da Costa Jacarand&aacute; (Major Jacarand&aacute;).</p> <p> Segundo o Minist&eacute;rio P&uacute;blico, M&aacute;rio Alves saiu de casa no bairro da Aboli&ccedil;&atilde;o, sub&uacute;rbio carioca, por volta das 20h do dia 16 de janeiro de 1970, dizendo que voltaria em pouco tempo. Ele foi capturado e levado ao DOI-Codi/RJ, no quartel da Pol&iacute;cia do Ex&eacute;rcito localizado na Tijuca. &ldquo;L&aacute;, M&aacute;rio foi submetido a severas torturas durante toda a madrugada. Na manh&atilde; seguinte, foi visto por v&aacute;rios presos, sangrando, mas ainda vivo, quando foi retirado da cela para depois desaparecer&rdquo;.</p> <p> Para os autores da den&uacute;ncia, a possibilidade de morte da v&iacute;tima n&atilde;o desqualifica a tipifica&ccedil;&atilde;o do crime como sequestro qualificado, pois o paradeiro da v&iacute;tima s&oacute; &eacute; conhecido pelos acusados. &ldquo;N&atilde;o h&aacute; prescri&ccedil;&atilde;o ou anistia do crime, pois o crime de sequestro &eacute; um delito permanente, que continua se consumando durante todo o tempo em que a vitima &eacute; privada de sua liberdade&rdquo;.</p> <p> De acordo com a promotoria, o sequestro e encarceramento da v&iacute;tima foi ilegal, pois &ldquo;os agentes do estado ditatorial jamais estiveram legalmente autorizados a privar pessoas e sua liberdade indefinidamente, sem comunica&ccedil;&atilde;o &agrave;s autoridades judici&aacute;rias, tampouco de faz&ecirc;-las desaparecer, nem mesmo de acordo com a ordem jur&iacute;dica autorit&aacute;ria vigente na data dos fatos&rdquo;.</p> <p> Segundo as investiga&ccedil;&otilde;es, M&aacute;rio &ldquo;sofreu grave sofrimento f&iacute;sico e moral em raz&atilde;o do longo per&iacute;odo de sequestro, do regime de incomunicabilidade a ele imposto e das torturas a que foi submetido. As provas mostram que a v&iacute;tima sofreu v&aacute;rios tipos de tortura, especialmente por m&eacute;todos como choques el&eacute;tricos, afogamento, espancamento e pau de arara&rdquo;.</p> <p> Fundador e l&iacute;der do Partido Comunista Brasileiro (PCB), M&aacute;rio Alves de Souza Vieira dirigiu publica&ccedil;&otilde;es da imprensa partid&aacute;ria no in&iacute;cio dos anos 1960. Em 1964, ele foi preso no Rio e libertado um ano depois pela concess&atilde;o de<em> habeas corpus</em>. Em 1966, seus direitos pol&iacute;ticos foram cassados por dez anos. Ap&oacute;s diverg&ecirc;ncias na atua&ccedil;&atilde;o do PCB, ele participou da cria&ccedil;&atilde;o do Partido Comunista Brasileiro Revolucion&aacute;rio (PCBR).</p> <p> A decis&atilde;o se acata ou n&atilde;o o pedido do Minist&eacute;rio P&uacute;blico Federal ficar&aacute; a cargo do juiz Alexandre Libonati de Abreu, da 2&ordf; Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> <p> Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. &Eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave;<strong><em> Ag&ecirc;ncia Brasil</em></strong></p> agentes da ditadura Cidadania desaparecimento de jornalista ditadura ditadura militar mario alves militares MPF MPF do Rio Wed, 15 May 2013 23:50:32 +0000 fabio.massalli 720818 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/