Viviane Reding https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/154718/all pt-br Em clima de protesto, Troika volta a Portugal para avaliar ajustamento financeiro https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-02-24/em-clima-de-protesto-troika-volta-portugal-para-avaliar-ajustamento-financeiro <p align="justify"> Gilberto Costa<br /> <em>Correspondente da Ag&ecirc;ncia Brasil/EBC</em></p> <p align="justify"> Lisboa &ndash; Um grupo de t&eacute;cnicos da Comiss&atilde;o Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monet&aacute;rio Internacional inicia nesta segunda-feira (25), em Lisboa, o s&eacute;timo exame regular do programa de ajustamento financeiro de Portugal. A&nbsp;miss&atilde;o fiscalizar&aacute; as despesas p&uacute;blicas do Estado e avaliar&aacute; os n&uacute;meros da macroeconomia do pa&iacute;s. Os pareceres das miss&otilde;es t&eacute;cnicas antecedem as libera&ccedil;&otilde;es das parcelas do empr&eacute;stimo contratado por Portugal nas institui&ccedil;&otilde;es denominadas Troika pelos portugueses.</p> <p align="justify"> Os dados e as perspectivas sobre a mesa n&atilde;o s&atilde;o bons: a economia portuguesa encolheu 3,2% em 2012 e o Produto Interno Bruto, o PIB, poder&aacute; continuar diminuindo em 2013 (-2%, segundo o Banco de Portugal). O desaquecimento da economia <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-02-13/portugal-fechou-2012-com-mais-de-923-mil-pessoas-desempregadas">desempregou</a> at&eacute; dezembro passado 932 mil pessoas, o que representa&nbsp;16,9% da popula&ccedil;&atilde;o economicamente ativa. A tend&ecirc;ncia&nbsp;&eacute;&nbsp;fechar mais postos de trabalho, atingindo 17,3%, &nbsp;segundo&nbsp;previs&atilde;o da Comiss&atilde;o Europeia.</p> <p align="justify"> A situa&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica tem aumentado os <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-02-17/portugueses-prometem-mobilizacao-diaria-contra-governo-e-ajuste-economico">protestos</a> contra o governo e a Troika. Virou cena comum em Lisboa ver cartazes, picha&ccedil;&otilde;es e pinturas contra a Troika e o governo. Manifestantes&nbsp;acompanham ministros de Estado em eventos p&uacute;blicos - quando invariavelmente cantam <em>Gr&acirc;ndola Vila Morena</em>,&nbsp;&nbsp;can&ccedil;&atilde;o que equivale no Brasil a <em>Apesar de Voc&ecirc;</em>, composta por Chico Buarque e censurada pela ditadura militar.</p> <p align="justify"> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/27/gallery_assist711153/prev/ABr2013P10202922.jpg" style="margin: 8px; width: 300px; float: right; height: 225px" />A vice-presidenta da Comiss&atilde;o Europeia, Viviane Reding tentou tirar a Troika do foco dos protestos. &ldquo;A Troika n&atilde;o est&aacute;&nbsp;fazendo coisa nenhuma&rdquo;, disse na sexta-feira (22) aos estudantes da tradicional Universidade de Coimbra. &ldquo;Eles [a equipe da Troika] fazem an&aacute;lise t&eacute;cnica n&atilde;o tomam decis&otilde;es (...) Os pol&iacute;ticos &eacute; que tomam decis&otilde;es&rdquo;, disse.</p> <p align="justify"> Professor do Instituto Superior de Economia e Gest&atilde;o da Universidade T&eacute;cnica de Lisboa, o economista Alexandre Abreu&nbsp;acredita que a Troika e os pol&iacute;ticos portugueses t&ecirc;m tomado as decis&otilde;es erradas. O programa de ajustamento &eacute; focado na d&iacute;vida p&uacute;blica quando o problema tem origem em desajustes estruturais da economia lusitana, que provocam d&eacute;ficits fiscais e nas transa&ccedil;&otilde;es correntes.</p> <p align="justify"> &ldquo;Na verdade, o problema &eacute;&nbsp;a competitividade inserida no contexto da economia internacional&rdquo;, salientou &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong>. Segundo ele, Portugal se endividou excessivamente a partir do anos 1990, quando&nbsp;se beneficiou de&nbsp;taxas de juros favor&aacute;veis de financiamento. Os portugueses apostaram&nbsp;na economia interna, hoje limitada a 10,2 milh&otilde;es de consumidores,&nbsp;e investiu pouco na capacidade produtiva industrial de bens export&aacute;veis.</p> <p align="justify"> Conforme Alexandre Abreu, o programa de ajustamento n&atilde;o observa o problema de competitividade e&nbsp;ataca o d&eacute;ficit or&ccedil;ament&aacute;rio, &ldquo;aumentando muit&iacute;ssimo a carga fiscal e, em outro sentido, reduzindo as despesas de apoio social [o seguro-desemprego, por exemplo] e nos componentes centrais do Estado social [sa&uacute;de, educa&ccedil;&atilde;o e seguridade]&rdquo;. Os cortes nos gastos sociais e o desemprego em massa s&atilde;o as principais raz&otilde;es dos protestos. O cen&aacute;rio &eacute; de empobrecimento da economia portuguesa - com riscos de aumento da <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-02-11/austeridade-fiscal-diminui-atividade-economica-e-aumenta-desigualdade-social-em-portugal">desigualdade</a>.</p> <p align="justify"> Para o economista <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-10-24/aumento-de-impostos-nao-vai-tirar-portugal-da-crise-alerta-economista">Jo&atilde;o C&eacute;sar das Neves</a>, professor catedr&aacute;tico da Universidade Cat&oacute;lica Portuguesa,&nbsp;&nbsp;&ldquo;&eacute; dif&iacute;cil medir o aumento da desigualdade&rdquo;. Ele lembra que, se houver empobrecimento da classe m&eacute;dia, &eacute; teoricamente poss&iacute;vel que a desigualdade diminua porque os estratos intermedi&aacute;rios e pobres se aproximar&atilde;o.</p> <p align="justify"> Neves &eacute; favor&aacute;vel a que Portugal busque gerar riqueza por meio dos setores econ&ocirc;micos em que &eacute; mais competitivo, mas discorda&nbsp;que isso tenha que ser capitaneado necessariamente pela ind&uacute;stria. &ldquo;N&atilde;o tenho nenhum fetichismo com a industria. Portugal &eacute; excelente em servi&ccedil;os, e a exporta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;os est&aacute; aumentando. Ind&uacute;stria, como teve no passado, &eacute; fic&ccedil;&atilde;o cient&iacute;fica, &eacute; imposs&iacute;vel&rdquo;.</p> <p align="justify"> Em 1978 e 1983, quando&nbsp;tamb&eacute;m se submeteu a um programa de ajustamento econ&ocirc;mico acordado com o Fundo Monet&aacute;rio Internacional, Portugal&nbsp;conseguiu estimular a ind&uacute;stria com a desvaloriza&ccedil;&atilde;o da moeda,&nbsp;mas depois da entrada em circula&ccedil;&atilde;o do euro&nbsp;n&atilde;o &eacute; mais poss&iacute;vel fazer essa pol&iacute;tica cambial unilateralmente.</p> <p align="justify"> A eventual volta &agrave; uma moeda pr&oacute;pria e o abandono do euro n&atilde;o re&uacute;nem consenso entre os analistas econ&ocirc;micos. Para Alexandre Abreu, &ldquo;a sa&iacute;da da zona do euro coloca problemas graves de curto prazo, por&eacute;m pode ser a &uacute;nica sa&iacute;da para evitar&nbsp;decl&iacute;nio cont&iacute;nuo&nbsp;no m&eacute;dio e longo prazos&rdquo;. Na avalia&ccedil;&atilde;o de Jo&atilde;o C&eacute;sar das Neves, o euro &eacute; &ldquo;apenas a causa material da crise&rdquo;. A raz&atilde;o est&aacute; nas d&iacute;vidas que o Estado, empresas e fam&iacute;lias&nbsp;fizeram nas duas &uacute;ltimas d&eacute;cadas. &ldquo;Largar o c&acirc;mbio traria consequ&ecirc;ncias desastrosas em todos os aspectos, e mesmo o setor exportador industrial poderia ser afastado pelos mercados&quot;.</p> <p align="justify"> &nbsp;</p> <p align="justify"> <em>Edi&ccedil;&atilde;o Beto Coura</em></p> <p align="justify"> <em>Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir as mat&eacute;rias &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil.</strong></em></p> <p align="justify"> &nbsp;</p> <p align="justify"> <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-11-25/crise-vai-aumentar-desigualdade-economica-em-portugal-diz-professor">http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-11-25/crise-vai-aumentar-desigualdade-economica-em-portugal-diz-professor</a></p> <p align="justify"> <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-02-14/economia-portuguesa-encolheu-mais-que-previsto-em-2012">http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-02-14/economia-portuguesa-encolheu-mais-que-previsto-em-2012</a></p> <p align="justify"> <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-02-11/economista-teme-que-recessao-afete-coesao-social-em-portugal">http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-02-11/economista-teme-que-recessao-afete-coesao-social-em-portugal</a></p> Alexandre Abreu Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional Comissão Europeia Grândola Vila Morena Internacional João César das Neves Pedro Passos Coelho Portugal Troika Viviane Reding Sun, 24 Feb 2013 15:12:07 +0000 alberto.coura 714525 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/