Francisca Chagas https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/148595/all pt-br Caminhada na periferia de São Paulo pede fim da violência contra mulheres https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-11-30/caminhada-na-periferia-de-sao-paulo-pede-fim-da-violencia-contra-mulheres <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/26/gallery_assist709049/prev/Agencia%20Brasil301112MCSP4.JPG" style="margin: 8px; width: 300px; float: right; height: 225px" />Camila Maciel<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo &ndash; &ldquo;N&atilde;o vou deixar que ele me mate, porque eu escolhi a vida&rdquo;. A fala decidida da orientadora educacional Francisca Chagas, de 45 anos, mostra uma atitude corajosa que demorou 20 anos para ser tomada. Foram pelo menos duas d&eacute;cadas de agress&otilde;es f&iacute;sicas e verbais por parte do ex-companheiro at&eacute; que ela pedisse o div&oacute;rcio. &ldquo;Antes n&atilde;o denunciava, porque eu tinha vergonha do julgamento das pessoas&rdquo;, relembra. Com objetivo de encorajar e apoiar outras mulheres que queiram mudar essa situa&ccedil;&atilde;o, cerca de 250 pessoas fizeram hoje (30) uma caminhada no bairro Jardim Aracati, na zona sul da capital paulista, para pedir fim da viol&ecirc;ncia contra a mulher.</p> <p> Apesar do casamento desfeito h&aacute; oito meses, Ilma ainda sofre amea&ccedil;as e tem receio do que possa acontecer. &ldquo;Todos os dias fa&ccedil;o um percurso diferente para ir ao trabalho. Ontem mesmo ele veio perto da minha casa fazer amea&ccedil;as. Agora ele quer a casa, que &eacute; a minha seguran&ccedil;a para cuidar do meu filho que tem 13 anos&rdquo;, relata. Ela avalia que as medidas de prote&ccedil;&atilde;o &agrave;s mulheres deveriam funcionar de forma mais r&aacute;pida e eficiente para evitar trag&eacute;dias. &ldquo;Meu ex-marido s&oacute; saiu de casa depois o juiz determinou. Demorou um tempo para eu conseguir&rdquo;, exemplifica.</p> <p> Nos &uacute;ltimos 30 anos, 92 mil mulheres foram mortas no Brasil v&iacute;timas de viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica, segundo dados Comiss&atilde;o Parlamentar Mista de Inqu&eacute;rito que investiga a viol&ecirc;ncia contra a mulher. Estima-se que sejam 4,8 homic&iacute;dios para cada grupo de 100 mil mulheres.</p> <p> &ldquo;Existe uma cultura de que a viol&ecirc;ncia dentro de casa &eacute; natural. Isso vem mudando aos poucos, mas os n&uacute;meros mostram como ainda &eacute; presente&rdquo;, avalia Madalena Sodr&eacute;, gerente de projeto da associa&ccedil;&atilde;o beneficente Arco, organizadora do ato. A entidade aposta no trabalho com crian&ccedil;as e adolescentes para mudar essa realidade. &ldquo;As meninas j&aacute; identificam que n&atilde;o &eacute; certo o irm&atilde;o bater nelas. Ainda &eacute; dif&iacute;cil que as pessoas falem, mas aos poucos elas v&atilde;o deixando o sil&ecirc;ncio e o medo&rdquo;, declarou.</p> <p> A gerente da Arco acredita que o sistema de prote&ccedil;&atilde;o dessas mulheres, como as casas de abrigamento, precisam funcionar com mais celeridade. &ldquo;Aqui [na associa&ccedil;&atilde;o] n&oacute;s fazemos o encaminhamento para as entidades respons&aacute;veis, mas nem sempre d&aacute; pra evitar as trag&eacute;dias&rdquo;, lamenta. H&aacute; pouco mais de um ano, Fabiana Crispim, 27 anos, procurou ajuda na Arco para tratar das viol&ecirc;ncias sofridas em casa pelo marido. No dia 30 de dezembro de 2011, ela foi morta por estrangulamento na frente dos filhos.</p> <p> A m&atilde;e de Fabiana ainda chorava a saudade da filha na manh&atilde; de hoje, mas informava que indigna&ccedil;&atilde;o n&atilde;o a deixou im&oacute;vel. Irm&atilde;s, filhas e sobrinhas da jovem morta participaram do ato para pedir o fim da impunidade do marido que at&eacute; hoje est&aacute; foragido. &ldquo;Nossa vida mudou por completo. Os filhos da minha irm&atilde; est&atilde;o marcados para sempre. Eles tamb&eacute;m sofriam com essa viol&ecirc;ncia e apanhavam, inclusive&rdquo;, diz Alcione Crispim, irm&atilde; de Fabiana.</p> <p> O exemplo de Fabiana e de outras jovens tamb&eacute;m mortas pelos companheiros no Jardim Aracati motivam a dona de casa Ilma Louren&ccedil;o Balbino, 42 anos, a n&atilde;o aceitar mais nenhum tipo de viol&ecirc;ncia, seja em casa ou na rua. &ldquo;Eu apanhava do meu marido. Aconteceu umas duas vezes. Agora ele j&aacute; morreu, mas eu nunca tive coragem de denunciar. &Eacute; um absurdo essa coisa das mortes. N&atilde;o aceito que minhas filhas passem nem por algo parecido&rdquo;, declarou.</p> <p> &nbsp;</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o Beto Coura</em></p> Associação Beneficente Arco Fabiana Crispim Francisca Chagas Ilma Lourenço Balbino impunidade Justiça Madalena Sodré violência contra as mulheres Fri, 30 Nov 2012 17:11:45 +0000 alberto.coura 709048 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/