João Abner https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/148084/all pt-br Especialistas dizem que Nordeste tem água, mas falta distribuição https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-11-22/especialistas-dizem-que-nordeste-tem-agua-mas-falta-distribuicao <p> Carolina Gon&ccedil;alves<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Bras&iacute;lia &ndash; A fome, sede e as perdas agr&iacute;colas enfrentadas, anualmente, por quase 20 milh&otilde;es de brasileiros que vivem no Semi&aacute;rido nordestino, poderiam ser evitadas se existisse um programa de abastecimento de &aacute;gua para a regi&atilde;o nos mesmos moldes do Programa Luz para Todos.</p> <p> O defensor da proposta, Jo&atilde;o Abner Guimar&atilde;es J&uacute;nior, especialista em recursos h&iacute;dricos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), garante que o novo sistema solucionaria, inclusive, os impactos agravados em anos com estiagem mais prolongada como o atual.</p> <p> As cidades nordestinas est&atilde;o enfrentando desde o &uacute;ltimo m&ecirc;s de janeiro uma das maiores secas dos &uacute;ltimos 30 anos. As previs&otilde;es meteorol&oacute;gicas indicam que as chuvas s&oacute; devem cair no Semi&aacute;rido a partir do ano que vem.</p> <p> &ldquo;Tem &aacute;gua para consumo humano e animal, tem &aacute;gua sobrando. Tem estoques de &aacute;gua suficiente para atender plenamente, mesmo nesta &eacute;poca como agora. S&atilde;o 10 bilh&otilde;es de metros c&uacute;bicos armazenados na regi&atilde;o acima do Rio S&atilde;o Francisco, em grandes reservat&oacute;rios&rdquo;, detalhou Abner. Segundo ele, um sistema adutor com capilaridade seria suficiente para atender a toda a demanda local, comprometendo menos de 20% da disponibilidade h&iacute;drica dos reservat&oacute;rios.</p> <p> Ao apresentar dados de armazenagem de &aacute;gua no Nordeste, durante audi&ecirc;ncia p&uacute;blica da Comiss&atilde;o de Meio Ambiente da C&acirc;mara dos Deputados sobre o problema da seca na regi&atilde;o, o pesquisador destacou que o Semi&aacute;rido brasileiro &eacute; um dos sistemas ambientais mais chuvosos do mundo, mas o acesso &agrave; &aacute;gua n&atilde;o est&aacute; democratizado.</p> <p> &ldquo;Os cerca de 60 mil a&ccedil;udes que t&ecirc;m hoje no Nordeste ficam l&aacute;, sendo reservados para consumo humano. Enquanto isso, 95% da &aacute;gua se perde em evapora&ccedil;&atilde;o. Na hora que tiver um sistema integrado que traga &aacute;gua [das grandes barragens] para o abastecimento humano, voc&ecirc; libera os pequenos a&ccedil;udes para a produ&ccedil;&atilde;o de feno&rdquo;, disse, ao criticar a fal&ecirc;ncia do sistema de abastecimento da regi&atilde;o.</p> <p> &ldquo;A solu&ccedil;&atilde;o para o per&iacute;odo de vacas magras tem que passar pelo aproveitamento do per&iacute;odo de vacas gordas. Seria o [programa] &aacute;gua para todos, que representaria uma revolu&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m para a agricultura. Isso custaria cerca de R$ 20 por ano, por habitante. &Eacute; um custo menor do que o custo do carro-pipa. &Eacute; um ter&ccedil;o do valor da transposi&ccedil;&atilde;o do Rio S&atilde;o Francisco&rdquo;, afirmou.</p> <p> A situa&ccedil;&atilde;o do Semi&aacute;rido nordestino, segundo os especialistas, reflete falhas do cen&aacute;rio nacional. O Brasil concentra a maior parte da &aacute;gua escoada no mundo, mas enfrenta problemas de m&aacute; distribui&ccedil;&atilde;o: 72% est&atilde;o na Regi&atilde;o Amaz&ocirc;nica; 19% no Centro-Oeste; 6% no Sul e Sudeste; e apenas 3% no Nordeste.</p> <p> Jo&atilde;o Suassuna, pesquisador da Funda&ccedil;&atilde;o Joaquim Nabuco, lembrou que em per&iacute;odos de estiagem mais intensas, metade da popula&ccedil;&atilde;o local sofre com a seca e fome. &ldquo;Oitenta por cento das secas do Nordeste ocorrem no miol&atilde;o da regi&atilde;o. E a seca n&atilde;o &eacute; por falta de &aacute;gua, mas pela m&aacute; distribui&ccedil;&atilde;o dessa &aacute;gua&rdquo;, criticou.</p> <p> Segundo ele, a solu&ccedil;&atilde;o para o problema da seca deve ser baseada em medidas de conv&iacute;vio com as condi&ccedil;&otilde;es clim&aacute;ticas caracter&iacute;sticas da regi&atilde;o. Para Suassuna n&atilde;o ser&atilde;o grandes obras que apontar&atilde;o o fim do sofrimento da popula&ccedil;&atilde;o afetada. As barragens instaladas na regi&atilde;o Nordeste t&ecirc;m potencial de armazenagem de 37 bilh&otilde;es de metros c&uacute;bicos.</p> <p> &ldquo;Mas n&atilde;o tem uma pol&iacute;tica para captar essa &aacute;gua e levar para quem precisa&rdquo;, criticou. &ldquo;H&aacute; 18 anos sou contra a transposi&ccedil;&atilde;o [da Bacia do Rio S&atilde;o Francisco] porque vai chegar onde j&aacute; &eacute; abundante. Vai abastecer represas nas quais as popula&ccedil;&otilde;es no entorno est&atilde;o passando sede. Esta popula&ccedil;&atilde;o vai continuar sofrendo com a seca e sendo abastecida por caminh&otilde;es-pipa, mesmo depois da transposi&ccedil;&atilde;o&rdquo;.</p> <p> No Cear&aacute;, por exemplo, as 8 mil represas poderiam armazenar 18 bilh&otilde;es de metros c&uacute;bicos, segundo Suassuna. Pelas contas do pesquisador, apenas o A&ccedil;ude Castanh&atilde;o, a maior barragem do Nordeste, seria capaz de atender a todas as cidades cearenses. A capacidade de aproveitamento do recurso tamb&eacute;m est&aacute; acima das expectativas nos estados do Rio Grande do Norte, Para&iacute;ba e Pernambuco.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Davi Oliveira</em></p> água para todos estiagem fome Fundação Joaquim Nabuco João Abner João Suassuna Nacional Pernambuco Região Nordeste Rio Grande do Norte Rio São Francisco seca Semiárido nordestino transposição UFRN Thu, 22 Nov 2012 18:30:16 +0000 davi.oliveira 708452 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/