Frente de Esculacho Popular https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/145535/all pt-br Em SP, manifestantes fazem protesto em frente a prédio onde mora acusado de tortura durante a ditadura https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-10-20/em-sp-manifestantes-fazem-protesto-em-frente-predio-onde-mora-acusado-de-tortura-durante-ditadura <p> Elaine Patricia Cruz<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/25/gallery_assist705933/prev/Ag%C3%AAncia%20Brasil201012MCSP10.jpg" style="width: 300px; height: 225px; margin: 5px; float: right;" />S&atilde;o Paulo &ndash; Movimentos sociais, liderados pela Frente de Esculacho Popular., fizeram hoje (20), na regi&atilde;o da Avenida Paulista, no centro de S&atilde;o Paulo, uma manifesta&ccedil;&atilde;o para expor publicamente um ex-militar reformado acusado de ter comandado sess&otilde;es de tortura e homic&iacute;dios durante a ditadura militar. O tipo de manifesta&ccedil;&atilde;o &eacute; inspirada em a&ccedil;&otilde;es similares feitas na Argentina e no Chile chamadas de Escracho.</p> <p> Cerca de 60 pessoas, segundo a Pol&iacute;cia Militar, fizeram uma pequena caminhada pela Avenida Paulista at&eacute; a Rua Manoel da N&oacute;brega, endere&ccedil;o onde vive atualmente o ex-militar Homero C&eacute;sar Machado, que chefiou equipes de interrogat&oacute;rio no antigo DOI-Codi (Destacamento de Opera&ccedil;&otilde;es de Informa&ccedil;&otilde;es - Centro de Opera&ccedil;&otilde;es de Defesa Interna) entre os anos de 1969 e 1974.</p> <p> &ldquo;O que fazemos aqui &eacute; reivindicar a mem&oacute;ria das pessoas que lutaram contra a ditadura militar e tamb&eacute;m reivindicar o presente, porque hoje vemos esses torturadores impunes. Este torturador [Machado] vive tranquilo em sua casa, n&atilde;o foi julgado e nem condenado, vive com aposentadoria paga com dinheiro p&uacute;blico. O que ficou impune na ditadura d&aacute; carta branca para que esses crimes continuem acontecendo&rdquo;, disse Paula Sacchetta, da Frente de Esculacho Popular.</p> <p> Durante a caminhada, manifestantes colaram, em postes e latas de lixo, cartazes com fotos de pessoas que teriam sido torturadas por Machado na &eacute;poca da ditadura militar e distribu&iacute;ram folhetos para a popula&ccedil;&atilde;o informando que &ldquo;um torturador mora neste bairro&rdquo;.</p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/25/gallery_assist705933/prev/Ag%C3%AAncia%20Brasil201012MCSP11.jpg" style="width: 300px; height: 225px; margin: 5px; float: left;" />Na frente do pr&eacute;dio onde Machado mora, parentes de Virg&iacute;lio Gomes da Silva, que foi morto e torturado durante a ditadura militar, seguraram um megafone para dizer aos vizinhos que ali &ldquo;mora um torturador&rdquo;. Uma coroa de flores foi depositada em frente ao pr&eacute;dio e gritos e faixas lembravam um dos lemas do movimento: &ldquo;Se n&atilde;o h&aacute; Justi&ccedil;a, h&aacute; esculacho popular&rdquo;.&nbsp;</p> <p> A vi&uacute;va de Virg&iacute;lio Gomes da Silva, Ilda Martins da Silva, acompanhou a manifesta&ccedil;&atilde;o de hoje com seu filho, Virg&iacute;lio Gomes da Silva Filho e uma neta. &ldquo;Ele [Virg&iacute;lio Gomes da Silva] foi morto e torturado [na ditadura militar] e est&aacute; desaparecido h&aacute; 42 anos&rdquo;, disse ela. Ilda foi presa no dia seguinte com tr&ecirc;s de seus quatro filhos.</p> <p> &ldquo;Quando eu fui presa, ele j&aacute; estava morto. E eu n&atilde;o sabia. Fiquei presa com meus tr&ecirc;s filhos. Levaram eles para o Dops e, de l&aacute;, para um juizado. Ofereceram eles [meus filhos] para doa&ccedil;&atilde;o. Fiquei presa por nove meses, quatro deles incomunic&aacute;vel, sem poder ver meus filhos. Fui torturada tanto fisicamente quanto psicologicamente&rdquo;, disse.</p> <p> O filho de Virg&iacute;lio tinha 6 anos na &eacute;poca. &ldquo;O que sabemos s&atilde;o relatos de companheiros que estavam presos na &eacute;poca. Sabemos que no dia 29 de setembro de 1969, ele foi preso numa emboscada. Levaram ele para o Dops [Departamento de Ordem Pol&iacute;tica e Social] e bastaram seis horas de tortura para conseguirem mat&aacute;-lo&rdquo;, disse Silva Filho. Segundo ele, Homero C&eacute;sar Machado foi um dos torturadores de seu pai.</p> <p> A fam&iacute;lia de V&iacute;rgilio Gomes da Silva disse esperar pela condena&ccedil;&atilde;o judicial dos torturadores da &eacute;poca. &ldquo;Espero sim [condena&ccedil;&atilde;o]. N&atilde;o importa o tempo que dure para a justi&ccedil;a chegar&rdquo;, disse o filho.</p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/25/gallery_assist705933/prev/Ag%C3%AAncia%20Brasil201012MCSP14.jpg" style="width: 300px; height: 225px; margin: 5px; float: right;" />O ato chamou a aten&ccedil;&atilde;o de v&aacute;rios moradores da regi&atilde;o. V&aacute;rios deles apenas espreitavam a manifesta&ccedil;&atilde;o pela janela, mas alguns desceram de seus apartamentos para saber o que estava ocorrendo. &ldquo;Cumprimento o cara [Machado] h&aacute; anos e nunca imaginei. Fiquei com nojo. Quando vi as fotos [dos torturados estampadas nos cartazes] e li as hist&oacute;rias, fiquei mesmo revoltada&rdquo;, disse Sandra Gaui, moradora de um pr&eacute;dio pr&oacute;ximo.</p> <p> &ldquo;Acho esses escrachos fundamentais porque, n&atilde;o &eacute; coisa dos atingidos ou das fam&iacute;lias. &Eacute; coisa da sociedade, principalmente de jovens que abra&ccedil;aram essa causa. &Eacute; um pessoal que diz que a viol&ecirc;ncia policial de hoje &eacute; fruto do passado e que os desaparecidos precisam ser localizados para se acabar com a impunidade&rdquo;, disse Ivan Seixas, da Comiss&atilde;o de Familiares de Mortos e Desaparecidos.</p> <p> Segundo Seixas, o capit&atilde;o Homero &ldquo;era um dos militares mais furiosos nas torturas&rdquo;. Para ele, movimentos como esse contribuem para se fazer uma condena&ccedil;&atilde;o moral dos torturadores, enquanto a condena&ccedil;&atilde;o judicial ainda n&atilde;o ocorreu.</p> <p> A <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil </strong>n&atilde;o conseguiu falar com Machado. Um dos funcion&aacute;rios do pr&eacute;dio informou que Machado n&atilde;o estava no local no momento do ato. Uma vizinha de apartamento disse que h&aacute; 15 dias ele n&atilde;o se est&aacute; no pr&eacute;dio. &ldquo;Ele sempre foi muito gentil e educado. At&eacute; tomei um susto agora com essas informa&ccedil;&otilde;es. Ele n&atilde;o est&aacute; a&iacute;. As correspond&ecirc;ncias dele est&atilde;o na mesinha do lado do nosso corredor&rdquo;, disse Fernanda Teixeira de Carvalho Souza.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o:&nbsp; F&aacute;bio Massalli//Mat&eacute;ria alterada para corre&ccedil;&atilde;o de informa&ccedil;&atilde;o no primeiro par&aacute;grafo. O movimento foi liderado pela Frente de Esculacho Popular e n&atilde;o pelo Levante Popular da Juventude.</em><br /> &nbsp;</p> ditadura DOI-Codi escracho ex-militar Frente de Esculacho Popular levante popular da juventude manifestante militar Nacional protesto são paulo Sat, 20 Oct 2012 21:04:43 +0000 fabio.massalli 705934 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/