macieiras https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/134510/all pt-br Novo Código Florestal virou um Código Agrário, diz Marina Silva https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-06-01/novo-codigo-florestal-virou-um-codigo-agrario-diz-marina-silva <p> Alana Gandra<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Rio de Janeiro - A aprova&ccedil;&atilde;o do novo C&oacute;digo Florestal, mesmo com os vetos da presidenta Dilma Rousseff, significa, para a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, a revoga&ccedil;&atilde;o de &ldquo;mais de 20 anos de esfor&ccedil;o de regula&ccedil;&atilde;o e governan&ccedil;a ambiental&rdquo; no pa&iacute;s. &ldquo;Temos um C&oacute;digo Florestal que n&atilde;o &eacute; mais florestal, &eacute; um C&oacute;digo Agr&aacute;rio. O que est&aacute; sendo avaliado &eacute; uma caixa de Pandora [caixa que, na mitologia grega, continha todos os males do mundo], com todas as maldades&rdquo;, criticou.</p> <p> Marina participou hoje (1&ordm;) de semin&aacute;rio sobre energia limpa, na Coordena&ccedil;&atilde;o de Programas de P&oacute;s-Gradua&ccedil;&atilde;o de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), que antecede a Confer&ecirc;ncia das Na&ccedil;&otilde;es Unidas sobre Desenvolvimento Sustent&aacute;vel (Rio+20), que ocorre de 13 a 22 de junho no Rio. A ex-senadora definiu o veto da presidenta Dilma Rousseff ao C&oacute;digo Florestal como &ldquo;perif&eacute;rico e insuficiente&rdquo;.</p> <p> Os pontos negativos mais importantes do novo C&oacute;digo Florestal s&atilde;o, na opini&atilde;o da ex-ministra do Meio Ambiente, a manuten&ccedil;&atilde;o da anistia para os desmatadores e a redu&ccedil;&atilde;o da prote&ccedil;&atilde;o das &aacute;reas que deveriam ser preservadas, como manguezais, nascentes e margens dos rios. &ldquo;Permaneceu o projeto do Senado, com agravamentos&rdquo;, disse.</p> <p> Marina ressaltou que o antigo C&oacute;digo Florestal tinha ajustes que haviam sido propostos para corrigir algumas situa&ccedil;&otilde;es de entendimento entre ambientalistas, produtores e governo. Ela citou, como exemplo, o cultivo de parreiras, macieiras e dos cafezais. Por serem culturas de ciclo longo e lenhosas, deveriam ficar aonde est&atilde;o. &ldquo;Quando n&oacute;s concordamos com esse arranjo, eles disseram: ent&atilde;o, tamb&eacute;m podem a pecu&aacute;ria, a agricultura de modo geral e o plantio de esp&eacute;cies ex&oacute;ticas e foi isso que ficou no texto do Senado&rdquo;.</p> <p> Marina disse que, nesse caso, uma transig&ecirc;ncia correta para atualizar o c&oacute;digo sofre a coloca&ccedil;&atilde;o &ldquo;de uma agenda do s&eacute;culo passado, que &eacute; aumentar a produ&ccedil;&atilde;o pelo uso predat&oacute;rio dos recursos naturais&rdquo;. Ela disse que n&atilde;o &eacute; justo o que est&aacute; sendo feito com as florestas brasileiras. &ldquo;Est&atilde;o transferindo o passivo da agricultura para as florestas&rdquo;.</p> <p> A ex-ministra denunciou ainda a exist&ecirc;ncia no Brasil de 120 milh&otilde;es de hectares com uma pecu&aacute;ria improdutiva, que produz uma cabe&ccedil;a de gado por hectare, quando na Argentina s&atilde;o produzidas tr&ecirc;s cabe&ccedil;as por hectare. Ela acredita que se o pa&iacute;s aumentar a efici&ecirc;ncia para produzir mais, apoiado pelas tecnologias hoje dispon&iacute;veis, seriam liberados cerca de 17 milh&otilde;es de hectares para outros usos.</p> <p> Outro problema, segundo Marina, &eacute; que o pa&iacute;s produz um emprego a cada 400 hectares, quando existem tecnologias que permitem produzir um emprego a cada 80 hectares. &ldquo;Est&atilde;o transferindo a inefici&ecirc;ncia do setor para as florestas. A biodiversidade, os recursos h&iacute;dricos e a sociedade, de modo geral, est&atilde;o pagando o pre&ccedil;o por n&atilde;o serem enfrentados os gargalos da agricultura&rdquo;.</p> <p> Marina tamb&eacute;m criticou a postura contr&aacute;ria do governo brasileiro &agrave; cria&ccedil;&atilde;o de uma ag&ecirc;ncia mundial ambiental em substitui&ccedil;&atilde;o ao Programa das Na&ccedil;&otilde;es Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), org&atilde;o de funcionamento semelhante &agrave; Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de (OMS), por exemplo. &ldquo;O que se quer, disse, &eacute; ficar no mesmo lugar. No lugar da in&eacute;rcia&rdquo;.</p> <p> Em compara&ccedil;&atilde;o a 1992, quando ocorreu a Confer&ecirc;ncia da ONU para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio92), Marina avaliou que o cen&aacute;rio hoje &eacute; melhor, do ponto de vista da sociedade. &ldquo;N&oacute;s estamos com retrocesso do ponto de vista do governo&rdquo;. Ela mostrou-se, entretanto, otimista, no sentido de que esses retrocessos podem ser corrigidos e deixou claro que n&atilde;o tem atitude de oposi&ccedil;&atilde;o em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; presidenta Dilma. &ldquo;Espero que os rumos sejam corrigidos por quem tem o poder de corrigir, que &eacute; o pr&oacute;prio governo. A esperan&ccedil;a n&atilde;o &eacute; a &uacute;ltima que morre. &Eacute; aquela que n&atilde;o deve morrer&rdquo;.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> agricultura cafezais Caixa de Pandora dilma rousseff espécies exóticas ex-ministra do Meio ambiente ex-senadora floresta florestas gado macieiras maldade Marina Silva Meio ambiente Meio Ambiente Novo Código Florestal parreiras pecuária regulação ambiental Rio+20 Fri, 01 Jun 2012 22:30:50 +0000 fabio.massalli 696256 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/