Sucessão de Chávez marca cenário política venezuelano em 2013

25/12/2013 - 17h11

Leandra Felipe
Correspondente Agência Brasil/EBC

Bogotá – Após a morte de Hugo Chávez, em 5 de março, a Venezuela viveu momentos de instabilidade política e econômica. Não só no processo eleitoral de 14 de abril, em que Nicolás Maduro foi eleito presidente no lugar de Chávez, como também nos oito meses seguintes à posse, devido à resistência política da oposição. Além dos problemas políticos, no campo econômico, o governo Maduro enfrenta inflação alta – acumulada este ano em mais de 50%, escassez de alimentos e especulação monetária.

No campo político, o governo Maduro teve um início conturbado. As eleições presidenciais foram convocadas e realizadas 40 dias após o funeral de Chávez. Nicolás Maduro foi eleito com uma diferença pequena, de pouco mais de 200 mil votos, sobre o candidato da oposição, o governador de Miranda, Henrique Capriles. A vitória apertada veio depois da rápida campanha eleitoral associada ao nome do presidente Chávez, já que Maduro foi escolhido para sucedê-lo.

A oposição liderada por Capriles protestou contra o resultado, considerado “fraudulento” pelos opositores. Por isso, milhares de venezuelanos em Caracas e em outras cidades protestaram nas ruas. Houve “panelaços” e confrontos entre manifestantes e a polícia do país, em incidentes que deixaram pelo menos sete mortos, segundo o governo do país.

A União das Nações Sul-Americanas (Unasul) convocou uma reunião extraordinária em Caracas, como forma de apoio ao presidente Nicolás Maduro, quatro dias depois das eleições. Na reunião a presidenta Dilma Rousseff reiterou o apoio da Unasul ao governo Maduro. Horas depois, na sexta-feira, 19 de abril, Nicolás Maduro tomou posse como presidente, apesar da pressão da oposição, que não reconheceu o resultado, acusando o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país de ter fraudado as eleições.

Em maio, Capriles entrou com um processo no Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, pedindo a impugnação das eleições, Mas a Justiça do país negou o pedido e Maduro foi mantido presidente.

No cenário econômico, os primeiros meses de Maduro foram difíceis. O governo culpou a oposição por liderar uma chamada “guerra econômica”, e a partir de setembro começou a anunciar medidas para conter a especulação financeira, realizando leilões de dólares e também fiscalizando a venda de dólares por internet e casas de câmbio não autorizadas.

O país também começou a receber alimentos de países da vizinhança como o Brasil, a Colômbia e a Bolívia e as missões alimentícias (programas de venda subsidiada de produtos básicos) foram incrementadas. Mesmo assim, a população se queixava da dificuldade de comprar produtos nas redes de supermercado privadas ou nas missões do governo.

Em novembro, o Executivo conseguiu aprovar uma Lei Habilitante, na Assembleia Nacional do país, após a troca de um deputado opositor, deposto por acusações de corrupção. Com a lei, Maduro conseguiu “poderes especiais” para governar por decreto e ampliou as medidas para conter a crise econômica. O principal alvo desde então, tem sido o combate a especulação do mercado de varejo, imobiliário e de automóveis.

O governo venezuelano tabelou preços e começou uma fiscalização em lojas e supermercados em todo o território venezuelano. Já houve fechamento de redes que não obedeceram os preços tabelados. Enquanto intensificava as medidas econômicas, o país também viveu outro processo eleitoral, desta vez no último dia oito de dezembro, para eleger prefeitos e vereadores.

O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), partido de Nicolás Maduro, ganhou em 58,5% das prefeituras, e a Mesa da Unidade Democrática (Mud), conquistou 15,82%. Apesar da vantagem nas eleições, Maduro perdeu em algumas cidades bastante povoadas, como Valencia, Maracaíbo, Barquisimeto e San Cristóbal. Mas com o resultado, o PSUV mantém a base em pelo menos 196 prefeituras de maneira regionalizada.

No cenário externo, o país aprofundou a aliança com Cuba e Fidel Castro é um dos conselheiros de Nicolás Maduro. Em algumas situações, o governo venezuelano acusou os Estados Unidos de "ingerência" e de participar de um complô para desestabilizar a economia no país. Houve expulsão de diplomatas americanos em Caracas e uma medida de reciprocidade em Washington. Com o governo do presidente Juan Manuel Santos, também houve problemas, porque em maio, Henrique Capriles foi recebido por Santos no palácio presidencial em Bogotá.

Na época o governo Santos disse ter havido um mal-entendido, e em julho, os dois governos restabeleceram totalmente as relações diplomáticas. Para pôr fim aos conflitos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a Venezuela executa um papel importante, como país observador na mesa de negociação entre o governo da Colômbia e a guerrilha, em Havana, Cuba.

Em julho, a Venezuela assumiu a presidência pro tempore do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e iniciou um processo de retomada das relações diplomáticas com o Paraguai, cujas relações estavam interrompidas desde o impeachment de Fernando Lugo, em julho de 2012.

Quanto aos Estados Unidos, recentemente o governo Maduro também anunciou ter restabelecido seu canal de comunicação com o governo americano. Os Estados Unidos são grandes compradores do petróleo venezuelano.

Edição: Denise Griesinger
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