ONU busca liderança africana para solucionar crise no Sudão do Sul

19/12/2013 - 11h56

Carolina Sarres*
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, está articulando a atuação de líderes africanos para tentar solucionar a crise no Sudão do Sul, país recém-criado e que tem enfrentado confrontos e tensões internas que culminaram em uma tentativa de golpe de Estado nesta semana. O Conselho de Segurança da ONU também pediu que as partes cessem as hostilidades e busquem um entendimento para evitar mais violência. Estima-se que mais de 500 pessoas tenham morrido nos confrontos e que mais de 20 mil tenham buscado a proteção da entidade internacional.

"Essa é uma crise política que tem de ser urgentemente solucionada por meio de diálogo político. Existe o risco de a violência se espalhar para outros Estados", disse Ban Ki-moon, ao informar que entrou em contato com o presidente de Uganda, Yoweri Museveni, devido ao seu papel de líder regional.

A tentativa de golpe para derrubar o governo do presidente Salva Kiir foi conduzida por políticos e militares e teria sido liderada pelo ex-vice-presidente, Riak Mashar, que está foragido. Os conflitos derivam, entre outros fatores, da ação de grupos antagônicos das etnias rivais Dinka e Lou Nue, as maiores do país. Os confrontos estão no âmbito das forças nacionais do Exército de Libertação do Povo do Sudão (SPLA, sigla em inglês), em que há uma facção liderada por Mashar. O ex-vice-presidente nega a tentativa.

Ao longo da semana, os ministérios das Relações Exteriores de diversos Estados recomendaram cautela aos diplomatas no local e alguns prédios, com os dos Estados Unidos, foram evacuados. Hoje (19), o Reino Unido enviou um avião país para a retirada de 150 britânicos.

A ONU conduz uma missão de manutenção da paz no Sudão do Sul (Unmiss, sigla em inglês) desde julho de 2011, quando país foi formalmente criado, depois de conflitos com o Sudão e posterior secessão. A situação do país foi considerada uma ameaça à paz e à segurança internacionais desde então.

"Pedimos que o governo do Sudão do Sul faça o máximo para acabar com a violência, garantir a segurança de civis, independentemente do contexto. Isso vai permitir que as pessoas no nosso acampamento retornem às suas casas", pediu a chefe da missão, Hilde Johnson.

Ontem (18), a Unmiss informou ter observado uma precarização das condições de segurança na capital, Juba. A missão aumentou as restrições das operações e de deslocamento das equipes na área. As condições, em Bor, no Noroeste do país, a cerca de 200 quilômetros (km) da capital, pioraram hoje, quando oposicionistas ao governo assumiram o controle da cidade.

“Nossos soldados perderam o controle de Bor para as forças de Riek Machar na tarde de quarta-feira”, informou o porta-voz do exército sul-sudanês, Philip Aguer.

A ocupação de Bor levou a busca mais intensiva por refúgio nas instalações da missão da ONU próxima à cidade. A Cruz Vermelha estima que 19 civis tenham sido mortos nos confrontos de ontem (18).

*Com informações da Agência Lusa e da ONU

Edição: Talita Cavalcante