TV Brasil vai lançar programas com temática sobre os direitos humanos

12/12/2013 - 20h10

Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os direitos humanos serão tema principal de dois programas que serão lançados pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Eles passarão a integrar em 2014 a grade de programação da TV Brasil e da TV Brasil Internacional. Um deles, é uma série de 13 episódios. Eles contemplarão os 30 artigos da Declaração Universal de Direitos Humanos. Outro, é um programa interativo que aborda os direitos humanos para jovens. O anúncio foi feito hoje (12) pela direção da empresa no Fórum Mundial de Direitos Humanos.

Direitos Humanos, o nome da série, foi produzido para a ocasião dos 65 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O programa-piloto foi ao ar na terça-feira (10), data do aniversário da declaração. A série deverá ser exibida às 22h, durante 13 semanas, a partir do fim de janeiro.

O outro programa, ainda sem título definido, será exibido a partir de junho. Trata-se de uma caravana que percorrerá comunidades pobres mostrando a pluralidade de realidades dos jovens. A cada episódio serão mostrados dois casos. O telespectador poderá, por meio de recursos digitais, votar em uma realidade vencedora. O grupo que for escolhido ganhará uma viagem para visitar o outro grupo.

"Os dois programas cumprem uma missão que estava muito dispersa em documentários e outros programas [da TV Brasil]. Não tínhamos um programa específico sobre direitos humanos. É uma boa nova para a comunicação pública", explicou o diretor de Conteúdo e Programação da EBC, Ricardo Soares.

Soares integrou a mesa de debates Os Direitos Humanos e a Diversidade como Pilares para a Construção da Comunicação Pública. Participaram também a conselheira do Conselho Curador, Maria da Penha, a coordenadora da Radioagência Nacional, Juliana Cézar Nunes e o coordenador do Observatório da Mídia, e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Edgard Rebouças. 

Segundo Rebouças falta uma literatura específica para orientar a cobertura jornalística de modo a não ferir os direitos humanos, isso faz com que eles não sejam contemplados, nem mesmo na TV pública brasileira. "Vemos desrespeitos cotidianos dos direitos humanos, sobre os quais, na maioria das vezes a mídia se cala", disse. "A comunicação pública poderia ser um exemplo de boa comunicação com respeito aos direitos humanos, o que poderia se propagar para outros meios", disse. 

Maria da Penha, cuja luta contra a violência contra a mulher levou à criação da lei que leva o seu nome, que protege as mulheres contra agressões, disse que vê um avanço na cobertura de temas que envolvem violência de gênero, mas que muitas mulheres ainda não têm pleno conhecimento de seus direitos. Na avaliação dela, os meios de comunicação têm papel importante nesse serviço. 

Juliana Nunes, que também faz parte da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Distrito Federal (Cojira-DF), ressaltou a representatividade etnicorracial nos meios de comunicação. No caso da EBC, ela destacou que houve avanços e citou o exemplo da discussão sobre cotas raciais nas universidades. "Enquanto outros meios discutiam a constitucionalidade das cotas, a EBC abriu espaço para debates com fontes diversificadas", declarou. 

Segundo ela, ainda é possível, no entanto, avançar mais. Na avaliação de Juliana, faltam entrevistadores e entrevistados, negras e negros, profissionais negros e ações afirmativas na comunicação pública. Ressaltou também que a formação, especialmente em direitos humanos, do jornalista deve ser destaque na empresa, a fim de que os profissionais estejam preparados para as situações que enfrentarão no dia a dia. Isso, defendeu Juliana, deve ser feito em parceria com as instituições de ensino, para que questões de direitos humanos estejam presentes desde a formação do jornalista. 

"A comunicação pública não pode ficar disputando espaço com a comunicação privada, sem entender que temos um compromisso histórico com muita gente, com a sociedade civil organizada. Não dá para a gente, sob o mito da imparcialidade, dizer que, na nossa programação, não tem espaço para essa sociedade organizada", disse.  
 
O fórum começou na terça-feira (10) e termina amanhã (13). Ainda serão debatidos temas como a transversalidade dos direitos humanos, o enfrentamento da violência e o desenvolvimento da cultura em direitos humanos.

Edição: Aécio Amado

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