Comunidade internacional saúda acordo com Irã, Israel considera "erro histórico"

24/11/2013 - 12h07

Da Agência Lusa

Paris - Paris e Londres, assim como a maioria da comunidade internacional, saudaram hoje (2) o acordo entre o Grupo 5+1 (os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha) e o Irã sobre o programa nuclear iraniano. Uma das exceções foi Israel, que o considerou um "erro histórico".

O acordo intermédio entre o Grupo 5+1  e o Irã, com um prazo de seis meses prevê uma restrição das atividades nucleares de Teerã em troca de um abrandamento das sanções impostas pelo Ocidente.

Pelo acordo, o Irã se comprometeu a não enriquecer urânio acima de 5% durante seis meses em troca do alívio de sanções econômicas. O acordo entre o Irã e as seis potências mundiais prevê que o Irã também desmantele “os conectores técnicos” que permitem o enriquecimento acima de 5%.

Com este compromisso, as potências garantem o alívio das sanções contra o Irã, avaliadas em US$ 7 nilhões, durante seis meses, mas, se o país não cumprir por completo o acordo, as sanções voltarão a entrar em vigor.

No âmbito do acordo alcançado, o governo iraniano comprometeu-se a parar o enriquecimento de urânio até 20% e só poderá fazê-lo abaixo de 5%, apenas o suficiente para ser utilizado em atividades civis, a não expandir as centrais nucleares de Fordo e Natanz e a parar a construção da central de Arak, onde se poderia produzir plutônio.

Em Paris, o presidente francês, François Hollande, classificou o acordo como "um passo importante na boa direção" que "constitui uma etapa para o fim do programa militar nuclear iraniano e portanto para uma normalização das relações [da França] com o Irã".

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, William Hague, considerou hoje no Twitter que o acordo concluído em Genebra é "bom para toda a gente, incluindo os países do Oriente Médio e o povo iraniano". "Este acordo demonstra que é possível trabalhar com o Irã e tratar problemas insolúveis pela via da diplomacia", escreveu Hague.

Além de França e Reino Unido, o acordo foi saudado por Washington, Pequim, Moscow e Teerã, onde o aiatolá Ali Khamenei, que tem a última palavra no dossier nuclear, se felicitou com o pacto de Genebra e deu luz verde à parte iraniana para prosseguir as negociações. Khamenei incentivou o governo iraniano a encarar o acordo como "a base para as medidas seguintes", que sustenta devem ser tomadas "com inteligência".

O presidente da Comissão da Europeia, José Manuel Durão Barroso, saudou o acordo, dizendo que constitui “um grande avanço para a estabilidade e a segurança global” e destacou o papel desempenhado pela União Europeia nas negociações. Em uma declaração divulgada em Bruxelas, Barroso saudou, em particular a Alta Representante da União Europeia e vice-presidente da Comissão, Catherine Ashton, “por este feito, que é resultado da sua dedicação e empenho incansáveis nesta questão ao longo dos últimos quatro anos”, e comentou que o sucesso das conversações também “é um testemunho real do compromisso” da União Europeia para com a estabilidade regional e global”.

O presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, saudou igualmente o acordo de "coragem" mostrada pelo Irã e as grandes potências para limitar o programa nuclear iraniano, sublinhando a necessidade de pôr em prática o pacto o mais rapidamente possível.

Já Israel, segundo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, considerou que com o acordo "o mundo se tornou mais perigoso, porque o regime mais perigoso do mundo deu um passo significativo no caminho para a obtenção da arma mais perigosa do mundo".

Assegurando que o "regime iraniano se comprometeu a destruir Israel", Netanyahu advertiu que "Israel tem o direito e o dever de se defender face a qualquer ameaça" e insistiu que "não deixará o Irã dotar-se de capacidades militares nucleares".

O Irã vive ao ritmo das sanções desde 2006, mas o reforço destas no ano passado fez mergulhar o país em uma crise profunda. A inflação era oficialmente de 36% no final de outubro, o desemprego atingiu mais de 11% e o preço dos produtos de consumo não para de aumentar. O embargo bancário e a suspensão da rede de transferências internacionais Swift também têm afetado a saúde. O preço dos medicamentos disparou e a importação dos mesmos tornou-se complicada.