Participação na exploração do Campo de Libra representa abertura a empresas chinesas, diz Temer

27/10/2013 - 13h10

Danilo Macedo e Paulo Victor Chagas
Repórteres da Agência Brasil
 

Brasília – A participação das estatais chinesas CNPC e Cnooc no consórcio que venceu a licitação para explorar o Campo de Libra, a maior reserva petrolífera brasileira, representa uma grande abertura para que outras empresas daquele país invistam no Brasil, disse o  vice-presidente Michel Temer, que tem viagem marcada para a China. Algumas empresas estatais e privadas chinesas reclamam da burocracia para investir no Brasil e comparam as dificuldades às oportunidades existentes em outros países.

“O simples fato de duas empresas chinesas terem entrado no campo de petróleo significa uma abertura muito grande para que outras empresas venham. Penso que a preocupação seja um pouco pela burocratização interna do nosso sistema, mas a desburocratização vem se acentuando cada vez mais, sempre em busca do investimento estrangeiro", destacou o vice-presidente em entrevista à Agência Brasil. "Tenho a impressão de que essas preocupações logo serão superadas”, disse ele.

O vice-presidente, a quem a presidenta Dilma Rousseff atribuiu o papel de embaixador para tratar de questões comerciais com outros países, levará em sua comitiva os ministros da Agricultura, Antônio Andrade, da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, e da Aviação Civil, Moreira Franco. Temer lembrou que o governo fez um convite público às empresas chinesas para que participassem do leilão do Campo de Libra, o qual considera um “sucesso”, e disse que há interesse em uma participação ainda maior.

“Temos projetos de infraestrutura extraordinários. Basta dizer que vamos ter 7.500 quilômetros de rodovias que queremos duplicar, ferrovias, especialmente na questão do trem-bala, e sabemos que a China é um dos principais países onde se desenvolveu a tecnologia dos trens de alta velocidade, e temos aeroportos, que vamos conceder à iniciativa privada”, informou. A China tem a mais longa linha férrea de trens de alta velocidade do mundo, com 2.298 quilômetros entre Pequim e Cantão, consolidando o país como líder mundial no uso dessa tecnologia.

Segundo Temer, o governo brasileiro tem “muito interesse” na participação de empresas chinesas na concessão dos aeroportos Internacional do Rio de Janeiro/Galeão - Antônio Carlos Jobim e Internacional Tancredo Neves - Confins, de Belo Horizonte. O leilão dos dois aeroportos está previsto para 22 de novembro.

O vice-presidente também falou sobre a descoberta de reservas de petróleo em Sergipe, anunciada nesta semana. “Isso vai abrir um novo campo para que empresas chinesas, que já têm essa entrada no Brasil, possam participar do novo acontecimento em relação à exploração do petróleo e do gás aqui.”

Após encontro com o presidente Xi Jinping, em setembro, na cúpula do G20, em São Petersburgo, Rússia, a presidenta Dilma Rousseff disse que a estratégia brasileira para ampliar as relações entre os dois países está baseada em um tripé composto por diversificação da pauta de exportações, parceria entre empresas brasileiras e chinesas e parceria na área de ciência, tecnologia e inovação.

Na semana que passará na China, Temer, que visitará o país pela primeira vez, participará da 4ª Conferência Ministerial do Fórum de Macau, com representantes de outros países de língua portuguesa, da 3ª Reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), e de visita oficial a Pequim, onde deve ser recebido pelo presidente Xi Jinping.

Edição: Nádia Franco

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