Caravana da Anistia reconhece perseguição política a militantes da Convergência Socialista

25/10/2013 - 16h06

Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A Caravana da Anistia, ligada ao Ministério da Justiça, entregou hoje (25) certificados em que o Estado reconhece a perseguição política a ex-militantes da Convergência Socialista (CS), movimento que lutou contra a ditadura militar (1964-1985). Os ex-militantes poderão obter reparação financeira. A declaração de reconhecimento foi hoje de manhã, no teatro da Pontifícia Universidade Católica (PUC), na capital paulista.

José Maria de Almeida, um dos ex-militantes que receberam o certificado, destacou a importância da valorização da história do país. "Estamos aqui resgatando o passado, mas também construindo o futuro. Puxar pela memória, exigir punição aos torturadores é uma tarefa de primeira magnitude", afirmou Almeida.

Outro ex-militante, Luiz Carlos Prates, conhecido por Mancha, classificou a iniciativa de "um ato de reconhecimento do Estado" da luta da Convergência Socialista contra o regime militar. "De nós, que fomos perseguidos só por pertencer à Convergência Socialista, que fomos condenados a ser presos, ou até mesmo mortos", destacou Mancha.

Além deles, receberam o certificado de anistiados políticos Maria José Lourenço; Arnaldo Schreiner; Dirceu Travesso; Tarcísio Eberhardt; Ernesto Gradella; José Cantídio de Souza Lima; Antonio Donizete Ferreira; Maria Cecília do Nascimento Garcia; Lilian Irene Queiroz; Antônio Fernandes Neto; Alexandre Fusco e Oscar Itiro. Os ex-combatentes falecidos também foram lembrados: Túlio Quintiliano; Rosa Sundermann; José Luís Sundermann; Gildo Rocha; Ligya Maria Magalhães Moreira; Matinho; Paulo Henrique de Souza; Teresa Regina Machado Bastos e Júlio Cesar da Costa Filho.

O presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, comparou a luta contra a ditadura dos ex-militantes com temas das manifestações atuais. "Nunca foi tão importante resgatar a memória no Brasil. O que a gente vê hoje, desaparecidos como o Amarildo [no Rio de Janeiro] e a repressão da polícia, não são novidades", disse ele.

A Convergência Socialista nasceu da Liga Operária e esteve presente nas greves que ocorreram no ABC Paulista, em 1978. A organização foi responsável pela primeira reunião pública de socialistas ainda durante a ditadura, em 1978. Os militantes da convergência estiveram à frente dos piquetes da greve geral de 1983 e, em 1984, estiveram nas marchas pelas Diretas Já.

Edição: Nádia Franco

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