Correios esperam chegar a acordo com empregados e encerrar greve

17/09/2013 - 13h49

Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A diretoria dos Correios espera chegar a um acordo na tarde de hoje (17) com os sindicatos que não aceitaram a proposta da empresa e continuam em greve desde o dia 12. Em uma audiência de conciliação na Justiça do Trabalho, em Brasília, a empresa vai manter a proposta – já aceita pelos sindicatos do Rio de Janeiro, São Paulo, Bauru (SP) e Rondônia – de reajuste de 8% nos salários, que representa reposição da inflação do período (6,27%), mais ganho real de 1,7%, além de 6,27% a mais nos benefícios.

O presidente da empresa, Wagner Pinheiro de Oliveira, disse, em entrevista coletiva, que esse é o limite a que a empresa pode chegar, nas circunstâncias atuais. “É uma ótima proposta, em respeito aos trabalhadores e à população, que não pode ser prejudicada pela paralisação dos serviços.”

De acordo com a direção dos Correios, 98,73% dos empregados (122.889) compareceram normalmente ao trabalho nesta terça-feira, “apesar da paralisação mantida por seis sindicatos [Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Tocantins, São José dos Campos e Vale do Paraíba]”. Segundo os Correios, as paralisações provocaram um acúmulo de 3,4 milhões de objetos (correspondência e encomendas). O Plano de Continuidade de Negócios, que prevê o cumprimento de horas extras, mutirões para entrega nos fins de semana e deslocamento de empregados entre as unidades, deverá regularizar a situação até amanhã (18), informam os Correios.

Os Correios oferecem na proposta de acordo o pagamento de um vale extra no valor de R$ 650 em dezembro, e vale-cultura dentro das regras do programa do governo federal.

Os sindicatos serão representados pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). Que representa mais de 30 entidades de empregados dos Correios. A entidade reivindica 7,13% de reajuste mais 15% de aumento real e R$ 200 de aumento linear para todos os 123 mil servidores. Além disso, pede 20% de aumento pelas perdas salariais ocorridas desde o Plano Real.

Segundo o órgão, atender às demandas da categoria causaria impacto de R$ 31,4 bilhões sobre a folha de pagamento, o equivalente a "quase o dobro da previsão de receita” para este ano, “ou o equivalente a 50 folhas mensais de pagamento da ECT” como um todo.

Além das reivindicações salariais, o diretor da Fentect, James Magalhães, afirma que outro ponto que preocupa os trabalhadores é a situação do Correios Saúde, plano que atualmente é administrado pelo setor de recursos humanos da empresa. “Desde 2009, eles vêm sucateando o plano. Fecharam vários ambulatórios dentro dos Correios. Agora querem repassá-lo à iniciativa privada, sob o nome de Postal Saúde, prejudicando também esse direito dos trabalhadores.”

Em nota, os Correios informaram que a "implantação da nova gestão não implicará nenhuma alteração no atual plano, pois serão mantidos os direitos e garantias já alcançados pelos empregados, tais como cobertura de procedimentos, percentual de compartilhamento, forma de pagamento, dependentes cadastrados e rede credenciada. A garantia da manutenção das condições do Correios Saúde é regulamentada pela ANS e pelo acordo coletivo do trabalho".

Edição: Talita Cavalcante// Texto atualizado às 17h17 para acréscimo da posição dos Correios sobre o plano Correios Saúde

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