Apesar de turbulência global, participação de estrangeiros na dívida interna bate recorde em julho

26/08/2013 - 16h49

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Apesar da turbulência no sistema financeiro internacional nos últimos meses, o interesse de estrangeiros nos papéis da dívida interna brasileira continuou a bater recorde em julho. Segundo números divulgados hoje (26) pelo Tesouro Nacional, a participação de não residentes na dívida pública mobiliária (em títulos) interna atingiu 15,51% no mês passado, contra 14,52% registrados em junho.

O recorde anterior havia sido registrado em março, quando o percentual atingiu 14,8%. Em valores, a fatia de estrangeiros na dívida interna também bateu recorde, passando de R$ 275,18 bilhões em junho para R$ 289,07 bilhões em julho.

De acordo com técnicos do Tesouro Nacional, a retirada do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos em renda fixa e os últimos reajustes na taxa Selic (juros básicos da economia) estimularam o interesse dos investidores estrangeiros nos títulos públicos brasileiros. Mesmo com as instabilidades no sistema financeiro mundial, os aplicadores internacionais continuaram comprando papéis da dívida interna.

Desde março de 2008, os investidores estrangeiros que aplicavam em renda fixa no Brasil pagavam IOF na hora de embolsar os rendimentos. Inicialmente, a alíquota correspondia a 1,5%, sendo reajustada para 2% em outubro de 2009, 4% em outubro de 2010 e 6% também em outubro de 2010. A taxação tinha como objetivo conter a entrada de capitais especulativos, que contribuíam para a queda do dólar.

A alta da moeda norte-americana a partir do fim de maio, motivada pela perspectiva de retirada dos estímulos monetários para a economia dos Estados Unidos, mudou o cenário. Em junho, o Ministério da Fazenda zerou o IOF para conter a subida do dólar.

O percentual de estrangeiros na dívida interna serve como medida da confiança dos investidores internacionais na economia do país. Eles adquirem os papéis porque consideram baixo o risco de que o governo brasileiro dê calote e não consiga administrar a dívida pública.

O interesse de aplicadores do exterior, no entanto, também é incentivado pelas taxas de juros. Quanto mais alta a Selic, maior a diferença em relação aos juros dos títulos do Tesouro norte-americano, considerados os papéis mais seguros do mundo e que pagam juros próximos de zero. A Selic serve de parâmetro para as taxas dos títulos prefixados, que têm juros definidos com antecedência e são os principais papéis comprados pelos estrangeiros.

Edição: Juliana Andrade

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