Mudanças demográficas aumentarão demandas por Previdência Social e saúde

14/08/2013 - 19h45

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - As mudanças demográficas observadas na população brasileira nos últimos anos, com o aumento da expectativa de vida e a diminuição do número de nascimentos, apontando para o aumento do número de idosos, tendem a ampliar as demandas da seguridade social e por saúde, tanto pública como privada. A avaliação é do pesquisador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Gabriel Mendes Borges. Ele participou hoje (14) de seminário promovido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em sua sede, no Rio de Janeiro, para debater As Mudanças Demográficas e Seus Impactos sobre a Saúde Suplementar”.

“Os gastos com saúde são maiores para pessoas com idade avançada e, com o envelhecimento, a gente tende a concentrar mais esses gastos em seguridade”, disse o pesquisador à Agência Brasil. As mudanças demográficas são muito rápidas no Brasil, ressaltou Borges, e servem como “pano de fundo” para a revisão de políticas públicas sociais.

O diretor-presidente da ANS, André Longo, que também participou do seminário, declarou que o envelhecimento da população brasileira é considerado um dos temas mais importantes no âmbito da agenda regulatória da agência. Ele informou que desde 2011, os técnicos da ANS estudam os impactos da rápida evolução demográfica brasileira sobre a sustentabilidade do setor. “Além dos estudos que nós já estamos desenvolvendo e os produtos que foram gerados pela agência, seminários como este vêm contribuir para que possamos encontrar soluções e saídas e apontar para caminhos de um setor de saúde cada vez mais sustentável e com qualidade”, declarou.

A técnica de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ana Amélia Camarano, em entrevista à Agência Brasil, disse que o quadro de envelhecimento da população traz muitos desafios: “saúde, cuidados e renda são fundamentais”. Segundo ela, o aumento do número de idosos terá impactos sobre a saúde privada e, também, na rede do Sistema Único de Saúde (SUS).

Ana Amélia defendeu a expansão em cinco anos, ou seja, de 60 anos para 65 anos, para a classificação da população idosa no país, pois como é atualmente, 60 anos, “isso acaba criando um estigma para a pessoa”. A elevação da expectativa de vida, segundo ela, justificaria essa mudança no Estatuto do Idoso, que completará dez anos em outubro próximo, visando a adequá-lo à nova realidade demográfica e econômica do país.

Em artigo divulgado pelo Ipea em junho deste ano, Ana Amélia mostrou que a expectativa de vida do brasileiro cresceu 5,3 anos no período de 1994 a 2010, passando de 68,1 anos para 73,4 anos. Essa mudança de perspectiva foi acompanhada por melhorias das condições física e mental das pessoas consideradas idosas e por uma maior participação delas na sociedade. Por isso, a pesquisadora acredita que o conceito de idoso deve ser redefinido no país. Outros desafios que essa mudança demográfica traz, segundo Ana Amélia, incluem “quem vai cuidar da população idosa, uma vez que a mulher tem que trabalhar; e os novos gastos da Previdência Social”.

Durante o seminário, a gerente-geral Econômico-Financeira da ANS, Rosana Neves, lançou o painel Precificação de Planos de Saúde. A publicação apresenta um panorama segmentado de temas relacionados à precificação dos planos de saúde, no ano passado, com destaque para referências de preços estabelecidos pelas operadoras de planos de saúde, variação média dos reajustes por mudança de faixa etária, custo médio estimado dos itens de despesa assistencial e outras despesas não assistenciais.

 

Edição: Aécio Amado

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