Ministros do Mercosul queixam-se na ONU de espionagem norte-americana

05/08/2013 - 19h34

Da Agência Lusa
 

Nova York – Os ministros dos Negócios Estrangeiros do Mercado Comum do Sul (Mercosul) manifestaram hoje (5), em encontro com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, preocupação com o programa de espionagem norte-americano, revelado pelo ex-consultor de informática Edward Snowden.

No encontro, os representantes do Brasil, da  Argentina, do Uruguai e da Venezuela manifestaram a "indignação" e a "preocupação" com que seus países receberam a notícia de que o governo dos Estados Unidos tinha acesso a mensagens de instituições, empresas e cidadãos de países latino-americanos. Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Elías Jaua Milano, a espionagem de dados viola os direitos humanos e ameaça a "mútua confiança" necessária para o bom funcionamento da comunidade internacional.

"Estamos convencidos de que é uma prática que viola os direitos internacionais e os direitos humanos fundamentais, ao ignorar o direito sagrado da privacidade dos nossos cidadãos", disse o ministro da Venezuela, que detém atualmente a presidência rotativa do Mercosul.

A mensagem foi transmitida pelos ministros a Ban Ki-moon a pedido dos chefes de Estado e de governo dos países-membros do Mercosul, após uma decisão tomada durante a última cúpula bloco, realizada em junho em Montevidéu.

Os ministros também expressaram repúdio ao fechamento do espaço aéreo de Portugal, da Espanha, da Itália e da França a um avião que transportava o presidente boliviano, Evo Morales. O incidente ocorreu no início do mês passado, quando Morales voltava de uma viagem à Rússia.

De acordo com o ministro venezuelano, durante o encontro, foi reforçada a posição do bloco no que diz respeito à liberdade para concessão de asilo político e humanitário. "Colocamos muita ênfase para que seja conservado o direito de concessão de asilo, que na nossa região permitiu salvar tantas vidas durante períodos de ditadura. Deixamos claro que esse é um princípio de que não estamos dispostos a negociar", completou.