Apesar de alto IDHM, Brasília sofre com a desigualdade de renda

30/07/2013 - 23h42

Marcelo Brandão
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil 2013, divulgado ontem (29) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), mostrou dados positivos do Distrito Federal (DF) e sua capital, Brasília. O DF ostenta os melhores índices de renda, longevidade e educação, recebendo a classificação de “muito alto” no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) entre as unidades da Federação. Mas o sucesso do DF não se repete quando a questão é a distribuição de renda.

Brasília, quando comparada a outras capitais, é a quarta colocada no quesito má distribuição de renda. Conforme o estudo, 67,20% de toda a renda da capital federal estão concentrados em apenas 20% da população. É a quarta pior distribuição de renda do país, ficando atrás apenas do Recife (PE), de Salvador (BA) e Maceió (AL). A professora de antropologia da Universidade de Brasília (UnB), Lia Zanotta, atribui o problema à grande quantidade de empregos públicos na cidade.

“A desigualdade é bastante grande. É uma população que vive das atividades de funcionários públicos, que recebem relativamente bem, e há os empresários, que também têm uma renda alta. Mas também tem uma classe popular que vive, em grande parte, nas cidades periféricas, com uma renda bastante baixa”. De acordo com ela, as atividades comerciais e industriais ainda não abrem vagas de emprego que atendam plenamente à demanda da população. Por outro lado, um maior incentivo a esses setores da sociedade ajudaria a nivelar a renda entre a população.

Na avaliação da professora, uma das saídas possíveis seria o investimento em pequenos empreendedores e o desenvolvimento de um “cinturão verde”, em áreas no Entorno de Brasília que teriam condições de produzir com alta tecnologia, como orgânicos, por exemplo. O presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), Júlio Miragaya, também entende que o setor privado não acompanha a quantidade de empregos públicos e a qualidade dos salários dessa fatia de mercado.

“Essa concentração é histórica, e vem se acentuando. Como o trabalhador do setor público tem um rendimento médio mais de quatro vezes superior à média encontrada no setor privado, essa disparidade em termos de renda é mais acentuada em Brasília”. Miragaya, que também é conselheiro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), explicou que o governo tem procurado saídas para corrigir essa distorção. “O governo está preocupado com essa diversificação da estrutura produtiva. Temos realizado estudos, identificando segmentos que podem ser incrementados, como no setor industrial e de tecnologia da informação”.

 

Edição: Aécio Amado

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