Moradores do Maracanã apoiam ação policial, mas reclamam do gás lacrimogêneo

01/07/2013 - 0h27

Isabela Vieira
Repórter da Agencia Brasil

Rio de Janeiro- Vizinhos ao Estádio Jornalista Mario Filho, o Maracanã, se dividem em apoiar e criticar a ação policial que usou bombas de gás lacrimogêneo contra um grupo de manifestantes que jogou objetos contra os policiais. No entanto, eles são unânimes em dizer que nunca viram a presença ostensiva da Polícia Militar com carros blindados e centenas de homens à cavalo e com cachorros.

Moradores de Avenida Maracanã, que viram das janelas de seus apartamentos o confronto, disseram que a polícia só reagiu depois de atacada por pedras, latas e um coquetel molotov lançados por um grupo de manifestantes. O gás lacrimogêneo lançado contra o grupo atingiu também os moradores.

O administrador Antonio Carlos Zamith, de 42 anos, ao ouvir o barulho das bombas desceu do prédio para ver a confusão. Apesar dos efeitos do gás que invadiu seu apartamento e do fechamento das ruas pelos policiais. "O roubo [para construção] do Maracanã me incomoda muito mais que esta manifestação. Infelizmente, alguns perderam o controle e atacaram a polícia, que se sentiu obrigada a reagir", declarou.

O aposentado Hélio José, de 82 anos, morador da Rua São Francisco Xavier, nas proximidades do estádio, também sentiu o efeito do gás em sua casa e abrigou no saguão alguns manifestantes. "Coitados, na ânsia de se salvar os que eram de [gente] de bem vieram para cá. Deixamos entrar, mas aí o gás foi lá em casa", disse. Hélio reclamou dos ataques dos manifestantes aos policiais. "A polícia fez seu papel, mas o negocio foi feio. Em toda a minha vida nunca vi nada igual", completou.

Morador do oitavo andar da mesma rua, Gabriel Queiroz, de 22 anos, também reclamou do gás lançado pelos policiais. Segundo ele, o esquema policial "atrapalhou quem mora na região”. Ele também falou que “não estava interessado na manifestação e nem no jogo". "Talvez, só nos Jogos Pan-Americanos vi tanto policial aqui. Mas era em quantidade menor. Não sei se precisava disso tudo [bombas], mas prejudicou quem não tinha nada a ver com o protesto", ressaltou.

Horas após o confronto, na Avenida Maracanã, mesmo depois da dispersão dos torcedores, pessoas ainda espirravam por causa dos efeitos do gás. Das ruas, ainda podiam ser recolhidas cápsulas de bombas de lacrimogêneo.

 

Edição: Aécio Amado

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