Mantega: Brasil está preparado para enfrentar as turbulências financeiras internacionais

26/06/2013 - 12h05

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Brasil está preparado para enfrentar as turbulências do mercado financeiro internacional, disse há pouco o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. “Preparamos uma estratégia pra enfrentar a situação, com crescimento. E se não fosse a crise [na economia global], a nossa média de crescimento seria maior que 3,6%”, disse.

O ministro da Fazenda ressaltou que a  estratégia de desenvolvimento aplicada pelo Brasil, dos últimos dez anos, gerou as condições para o enfrentamento de uma crise prolongada. Os pontos fortes dessa estratégia, de acordo com o ministro, foram o crescimento mais vigoroso do PIB, que chegou a 3,6% ao ano, entre 2003 e 2012. Outro dado importante, conforme acrescentou, foi o crescimento dos investimentos, que alcançaram 6,1% ao ano, entre 2003 e 2012

Mantega disse também que o crescimento dos investimentos está acima do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas no país. Segundo ele, há ainda o mercado interno forte, ao contrário de outros países que vivem a crise. Lembrou que a dívida pública vem se comportando, até o presente momento, em uma trajetória de queda.

“Consolidamos a solidez fiscal e financeira, com a inflação sob controle. Mas vivemos no rastro da crise da economia mundial”, avaliou Mantega.

Na análise de Guido Mantega, embora a economia dos Estados Unidos tenha dado sinais de recuperação, a Europa continua com problemas. O crescimento econômico dos países emergentes também se desacelerou. Outro fator importante, lembrou, é a China, que está apresentado crescimento menor do que vinha apresentando.

“A previsão é que a China continue se desacelerando. Portanto, essa queda da economia chinesa e de outras cria um contexto de economia fraca, com crescimento fraco e incapaz de atender às necessidades. Isso significa que os países exportadores, como o Brasil, estão disputando os mercados disponíveis, acirrando a competição internacional”.

O ministro observou que as recentes declarações do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, indicam redução dos estímulos monetários que vinha concedendo. “O FED, que vinha colocando trilhões de dólares, sinalizou mudanças na postura: em função disso, os títulos americanos passaram a ficar mais valorizados, levando os recurso de volta para a economia americana[que ficou mais atrativa]”.

Com a mudança, informou Mantega, e os juros sinalizando melhora nos EUA, gerou-se a saída de capitais do mundo para a economia norte-americana. “Isso afeta o câmbio. Temos uma valorização do dólar e queda da moedas dos outros países. Isso afeta também as bolsas, que têm caído nas últimas semanas. Essa situação causa a turbulência que continua nos dias de hoje”.

Mesmo diante deste quadro, Mantega citou – como contraponto - as previsões otimistas da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. De acordo com o ministro da Fazenda, a entidade divulgou pesquisa indicando que investidores dos Estados Unidos estão interessados em investir fortemente no Brasil nos próximos anos.

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) observou, durante a apresentação de Mantega, que o ministro da Fazenda mencionou 18 vezes as palavras “crise” e “ano ruim”. ”Estamos vivendo uma crise de confiança chamada Guido Mantega e equipe econômica. A crise tem nome e sobrenome: chama-se Dilma e Guido Mantega”, disse Maia.

O parlamentar também criticou a ação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo Rodrigo Maia, o ministro e o banco fizeram apostas que deram errado, como investimento nos grupos JBS e EBX, este último do empresário Eike Batista.

O deputado criticou também a chegada de uma possível crise no setor aéreo. “O Brasil precisa fazer debate sobre o BNDES, que jogou muito dinheiro fora. [Há, além disso, o] problema dos fundos de pensão, que têm comprado títulos da Argentina e da Venezuela. Isso é um crime [que envolve] os aposentados. Outro problema é o aporte que o Banco do Brasil fez ao Banco Votorantim, de R$ 2 bilhões”, disse.

Edição: José Romildo
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