Moradores de São Gonçalo pedem projeto "mais ousado" para destombamento de batalhão

25/06/2013 - 18h23

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro- Moradores e organizações da sociedade civil de São Gonçalo, região metropolitana do Rio, querem impedir o destombamento para demolição do 3º Batalhão de Infantaria do Exército, que fica no município. O governo do estado quer erguer no terreno 1,2 mil casas populares, mas a população questiona o projeto e quer que inclua mais serviços públicos.

“O problema do projeto do estado é que não atende aos interesse do conjunto da população”, disse o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional São Gonçalo, José Luiz Muniz. Segundo ele, a proposta deveria ser “mais ousada” e oferecer serviços de esporte, lazer, cultura e até mesmo mais habitações. Além disso, poderia preservar algumas edificações históricas.

“Existe ali construções que não fazem parte do acervo histórico [do batalhão] e poderiam ser melhor aproveitadas, sem atingir a preservação da memória”, ressaltou Muniz. Ele lembra que foi do 3º Batalhão de Infantaria que saiu parte dos pracinhas que combateram na Itália, durante a 2ª Guerra Mundial.

Outra preocupação dos moradores de São Gonçalo é com a dimensão ambiental do projeto, pois o prédio do batalhão fica às margens do Rio Zumbi. “Há um risco de tirar pessoas de uma enchente para colocar em outra”, disse o presidente da União dos Jornalistas e Comunicadores de São Gonçalo, Frederico Carvalho, sobre a possibilidade de levar para as casas que poderão ser construídas no local as famílias desabrigadas das chuvas no município.

De acordo com o jornalista, o governo estadual poderia instalar no terreno, junto com as habitações populares creches, escolas técnicas, hospital, além de um quartel do Corpo de Bombeiros ou da Polícia Militar, por exemplo. “Nossos serviços públicos estão sobrecarregados. É preciso ampliar a oferta, sobretudo de segurança, para nós e para os que chegarem tenham mais qualidade de vida”, disse.

Para impedir que o prédio do 3º Batalhão de Infantaria seja destombado, dez organizações da sociedade civil de São Gonçalo e entidades como a OAB, a União dos Jornalistas e Comunicadores e Associação Comercial de São Gonçalo encaminharam na semana passada denúncia ao Ministério Público Federal (MPF). O órgão investiga a situação. Até agora prefeitura não se pronunciou sobre o assunto. O governo do estado do Rio confirmou o pedido de demolição, mas não deu detalhes do projeto.

Atualmente, vivem no prédio do batalhão os desabrigados da tragédia no Morro do Bumba, de Niterói. Também funciona no terreno a 72ª Delegacia de Polícia Civil e uma Delegacia da Mulher.

 

Edição: Aécio Amado

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